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Nacional
Terça - 15 de Fevereiro de 2005 às 07:20
Por: Denise Madueño e Eugênia Lopes

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Brasília - O governo perdeu nesta madrugada o comando da Câmara para o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que venceu em segundo turno com 300 votos o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), que obteve 195 votos. Nem promessas de cargos no Executivo e liberação de verbas orçamentárias nem a atuação de dez ministros diretamente na campanha do petista convenceram os deputados de sua base a votar em Greenhalgh.

Esta foi a primeira vez na história da Câmara que o presidente da Casa foi eleito em dois turnos. Grande parte dos deputados usaram a eleição como protesto para manifestar insatisfação com o governo Lula, dando um tom plebiscitário à disputa. Para o PT, a derrota deixará o partido, que tem a maior bancada, sem cargos na Mesa Diretora.

A vitória de Severino foi a festa do chamado baixo clero, como são conhecidos os deputados sem pouca expressão política no parlamento. Segundo-secretário da Mesa presidida por João Paulo, Severino se lançou candidato avulso na disputa e chegou como azarão.

História política

Aos 74 anos, Severino está em seu terceiro mandato como deputado federal. Foi prefeito de João Alfredo (PE), sua cidade natal, de 1964 a 1966, e exerceu mandato de deputado estadual durante 28 anos. Sua primeira filiação partidária foi em 1962 na UDN. Pertenceu ainda a Arena, ao PDS, ao PDC, ao PL, ao PTR, ao PFL e ao PP, partido ao qual está ligado desde 1995.

A votação

Apesar de Greenhalgh ter chegado na frente na disputa em primeiro turno, seus votos não foram suficientes para se eleger. Era necessário obter a maioria mais um dos 506 votos válidos, ou seja, 254 pelo menos. O placar registrou: 207 votos para Grenhalgh, 124 votos a favor de Severino, 117 para Virgílio Guimarães (PT-MG), 53 votos para José Carlos Aleluia (PFL-BA) e 2 votos para Jair Bolsonaro (PFL-RJ).

Durante a votação em primeiro turno, o PT avaliava que Greenhalgh teria mais de 260 votos, número suficiente para garantir sua vitória em primeiro turno. "A traição era para ser de 20%, mas passou de 30%", afirmou o deputado Carlito Merss (PT-SC), tentando explicar o resultado desfavorável a Greenhalgh no primeiro turno.

Assim que o resultado do primeiro turno foi conhecido, o governo, os partidos e os dois candidatos começaram as negociações para a busca de votos. Greenhalgh procurou a bancada do PFL, mas não conseguiu adesão. Segundo o vice-líder Pauderney Avelino (PFL-AM), 80% da bancada votaria em Severino Cavalcanti. O petista também foi atrás de votos no PL e, segundo o líder, Sandro Mabel (PL-GO), teria 41 votos do total de 51. Mas o PP avisou que Greenhalgh perderia os 15 votos que teve da bancada no primeiro turno com o partido votando em peso em Severino.

Às 3h da madrugada, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB), buscava votos nas bancadas aliadas ao governo e em seu próprio partido a favor de Greenhalgh. Ao mesmo tempo, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), também articulava votos a favor de Severino Cavalcanti. Ele garantia que seriam 52 votos ao candidato do PP. Apesar dos esforços de Greenhalgh de conquistar os votos da bancada ruralista, os cerca de 100 deputados ligados ao setor de agronegócios se reuniram após o primeiro turno e fecharam apoio a Severino.

No discurso que antecedeu o início da votação em segundo turno, Greenhalgh apelou para o respeito à regra da proporcionalidade e à fidelidade partidária dos deputados. Ele pediu que os deputados não misturassem as insatisfações com o governo com a eleição para a presidência da Câmara. "Quem quiser fazer oposição ao governo não use, por favor, esse segundo turno para desaguar o voto de protesto", disse. "Não se enfraquece o parlamento tentando atingir o Executivo", argumentou.

O deputado Severino Cavalcanti usou os seus dez minutos de discurso para prometer independência da Câmara, se eleito. "Peço humildemente o voto. Preciso desse voto, que não tem cabresto nem está subordinado à ninguém", discursou.

No primeiro turno, a votação levou sete horas. As urnas foram abertas às 18h de segunda-feira com 510 deputados votando até a 1h desta madrugada. Apenas três deputados faltaram à votação: Ênio Tatico (PTB-GO), Neiva Moreira (PDT-MA) e Reinaldo Betão (PL-RJ). A apuração dos votos levou mais uma hora e quinze minutos. No segundo turno, o quórum foi menor, 498 do total de 513 deputados. Faltaram 15 deputados na sessão. A votação foi mais rápida. Levou 1h e 20 minutos. A apuração durou uma hora.




Fonte: Agência Estado

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