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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 07 de Janeiro de 2005 às 11:12
Por: Elías L. Bernarroch

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Quatro anos depois do início da nova Intifada a economia palestina continua imersa numa profunda recessão, com metade da população sob o signo da pobreza e um governo dependente de doações estrangeiras.

O colapso da economia na Cisjordânia e em Gaza começou em setembro de 2000, com o início do levante contra Israel, e desde então, à exceção de um breve período de estabilização em 2003, tem se agravado progressivamente.

Ficaram para trás os anos de bonança e desenvolvimento do processo de paz de Oslo (1993-2000), quando os investimentos públicos e privados elevaram o Produto Interno Bruto (PIB) nas zonas palestinas para índices d 4,950 bilhões de dólares, em 1999.

Atualmente, o PIB é 23% inferior ao de 1999 e a explosão demográfica entre 1993 e 2004 levou a renda per capita para níveis que oscilam entre 1.000 e 1.200 dólares nos últimos quatro anos.

O último relatório do Banco Mundial (Bird) descreve a economia dos territórios palestinos como "uma das piores da história moderna" e atribui seu colapso ao bloqueio militar que Israel impôs aos territórios ocupados no início da Intifada, cerceando a liberdade de ir e vir para pessoas e também mercadorias.

"Os bloqueios são a chave da atual crise. Fragmentaram a economia em espaços, elevando os custos de produção e eliminando a capacidade de previsão necessária para fomentar empresas", afirmava o relatório elaborado por Nigel Roberts, diretor do Bird nos territórios palestinos.

Israel fechou a Cisjordânia e Gaza e impôs cercos às principais cidades palestinas para tentar impedir a entrada de terroristas em seu território. Além disso, o governo de Tel Aviv começou a construir o "muro da Cisjordânia" em 2002, quando centenas de israelenses morreram em ataques suicidas.

A primeira conseqüência foi que 104 mil palestinos que trabalhavam em Israel e cujos impostos eram transferidos para a Autoridade Nacional Palestina (ANP) ficaram sem emprego, elevando os índices de pobreza de forma dramática.

Da mesma forma, a impossibilidade de levar mercadorias livremente de um mercado para o outro, tanto em nível doméstico como internacional, causou prejuízos milionários, em especial para os produtos da agricultura, um setor importante para a economia palestina.

Além disso, é preciso lembrar da vasta destruição que as operações do Exército israelense causaram à infra-estrutura dos territórios palestinos e a fuga em massa de investimentos.

Nos primeiros 18 meses de Intifada, os investimentos privados foram reduzidos literalmente a zero e só em 2003 foi registrada uma ligeira alta até os 600 milhões anuais, um terço de seu valor em 1999.

A situação de conflito também levou ao colapso do 95% das empresas do setor turístico e à correspondente perda na entrada de moeda estrangeira.

Esta conjuntura político-militar desencadeou uma grave crise humanitária na ANP, onde em 2004 o desemprego chegava a 26% (contra 10% em 1999) e a pobreza atingia 47% dos palestinos, que viviam com menos de 2 dólares por dia, segundo o relatório do Bird.

A ajuda financeira dos países doadores se tornou vital para

atender à despesa pública e as necessidades mais básicas da população.

"Os doadores duplicaram suas contribuições desde o começo da Intifada e isso é o que impediu uma queda maior nas condições de vida dos palestinos", segundo Roberts.

Desde 2001, a comunidade internacional injetou cerca de 900 milhões de dólares anuais nos cofres da ANP para evitar seu total colapso, mas o Bird adverte que esta situação é insustentável.

"Estes níveis de assistência não podem ser mantidos de forma indefinida", adverte Roberts.

O presidente do Bird, James D. Wolfensohn, destacou em outro relatório elaborado em 2004 que "a chave para o crescimento palestino está no investimento privado".

"Uma vez que não se pode esperar que investidores injetem seus capitais numa zona de conflito, tanto a ANP como Israel devem se esforçar para impor a calma e uma sensação de segurança na Cisjordânia e em Gaza", disse Wolfensohn em seu relatório.

Em referência à crescente corrupção institucional e aos monopólios familiares fomentados pelo falecido Yasser Arafat, Wolfensohn sustentou que os investimentos privados também dependem "de um clima de transparência financeira mais propício na ANP".




Fonte: EFE

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