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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Terça - 04 de Janeiro de 2005 às 18:06
Por: Onofre Ribeiro

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Gostaria de fazer algumas considerações em torno da proposta de parceria entre a Prefeitura de Cuiabá e o Governo do estado, proposta pelo prefeito Wilson Santos na sua posse, no último dia 1º.

Cuiabá é uma cidade absolutamente especial dentro do estado de Mato Grosso por uma série de razões. Entre elas o fato de ter sido o “portal da Amazônia” de onde subiu ação de ocupação do norte mato-grossense a partir de 1971. Com isso, deixou de ser uma pequena cidade interiorana, com menos de 100 mil habitantes, para alavancar o crescimento dos 38 municípios de então, que hoje somam 141.

Nesse intervalo desde 1971, recebeu levas e levas de migrantes que deram e que não deram certo. Muitos vieram de outros estados, jovens e cheios de sonhos. Perderam tudo, inclusive a juventude e a saúde, e aportaram nas periferias cuiabanas. Outros deram certo e também se estabeleceram em Cuiabá.

Pois bem. Aqui entra o raciocínio que pretendo situar. Mato Grosso cresceu muito nesses 30 anos. Mas a base física e cultural para o crescimento foi a capital, que hoje está embaralhada em um sem número de problemas.

Nas décadas de 1970, o governador José Garcia Neto (1975/1978) apoiou financeiramente a capital com recursos estaduais e abrindo caminhos para recursos federais que permitiram asfaltar grande parte dos bairros então periféricos. O governador seguinte, Frederico Campos (1979/1983) apoiou Cuiabá em larga escala. O seu sucessor, Júlio Campos (1983/1986) também apoiou Cuiabá não só com obras, mas com repasses de recursos, como seus antecessores.

Nos governos seguintes a capital ficou quase esquecida. Acabaram-se os repasses financeiros e também as obras estaduais. Através da Cia. de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso – Codemat, os governadores repassavam recursos financeiros para cobrir despesas da capital. Eles compreendiam que ela sofria um processo de inchamento social e urbano, com todos os problemas decorrentes, em virtude da ocupação que acontecia no estado.

No primeiro governo Dante de Oliveira, a Codemat foi extinta e cessaram os já minguados recursos financeiros para Cuiabá, que acabaram de vez.

Hoje, de fato, Cuiabá é uma cidade cheia de problemas que ela não procurou. Ao contrário, recebeu-os como “coice de mula” do desenvolvimento do próprio estado. Seus 27 bairros de 1970 hoje passam de 200. Seus menos de 100 mil habitantes passam de 550 mil. E os seus problemas sociais e econômicos são escandalosos. O orçamento de R$ 516 milhões para 2005 jamais será suficiente para administrá-la.

O desenvolvimento econômico do estado reflete hoje sobre a capital e pede uma cidade com boa infra-estrutura e boa qualidade de vida. Por isso, de uma outra forma, é absolutamente indispensável o apoio do Governo do Estado. Se não puder ser financeiro, que seja em obras. O fato é que a cidade vem pagando há mais de 30 anos uma conta que não é sua. É uma conta mato-grossense!

A sensibilidade do governador Blairo Maggi em relação a Cuiabá será necessária porque Mato Grosso precisa de uma capital à altura dos saltos de crescimento que tem sofrido. E a prefeitura sozinha não dá e nem dará conta do recado. Será preciso muita articulação do prefeito Wilson Santos com os governos estadual e federal para administrá-la à altura das expectativas nos próximos quatro anos.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br




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