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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 03 de Janeiro de 2005 às 19:56
Por: Champika Liyanaarachchi

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A guerrilha tâmil do Sri Lanka, debilitada depois dos tsunamis, sente-se ameaçada pela presença na ilha de tropas de países que a consideram um grupo terrorista.

O Sri Lanka espera a chegada de 1.500 marines do exército dos Estados Unidos, mil da marinha da Índia, 300 engenheiros do exército paquistanês e dezenas de soldados russos, britânicos e de outros países, além de seis navios e vários helicópteros que farão parte das atividades de resgate e assistência às vítimas da catástrofe.

Parte das tropas já chegou à ilha, onde colaboram com as equipes da administração local e as ONGs no recolhimento de cadáveres e na entrega de alimentos e água aos afetados.

As tropas estrangeiras no Sri Lanka ofereceram assistência ao governo de Colombo para ajudar na reconstrução das infra-estruturas que ficaram destruídas pelas ondas gigantes. Por isso, sua permanência no país poderia se prolongar.

Segundo diversos meios de comunicação e analistas locais, esta situação causou grande preocupação nos Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE), que sofreu grandes perdas com os maremotos que atingiram duramente as regiões sob seu controle, no norte e no leste da ilha.

"Está claro que o LTTE está muito preocupado com a presença de um grande número de militares estrangeiros no país", disse à EFE Dayan Jayatilleke, professor de Ciência Política na Universidade de Colombo e analista político.

"O LTTE tem medo de expressar abertamente sua contrariedade e está mobilizando a imprensa sob seu controle para divulgar histórias falsas sobre as tropas estrangeiras", acrescentou.

O jornal Sudaroli, favorável à guerrilha tâmil, disse nesta segunda-feira que o embaixador indiano no Sri Lanka tinha manifestado sua preocupação com a presença de tropas americanas na ilha.

"Colocar Washington contra Nova Délhi se tornou um passatempo para os Tigres, que cada vez mais estão preocupados com as boas relações entre os EUA e a Índia, dois países nos quais são considerados um grupo terrorista", disse Jayatilleke.

Segundo esse analista, os rebeldes "estão conscientes de que a união da superpotência mundial com a superpotência regional significaria que seus dias estariam contados".

Desde que aconteceu a série de maremotos, a presidente do Sri Lanka, Chandrika Kumaratunga, repetiu várias vezes que tem esperança de que este fato diminua a tensão política na ilha. Segundo números oficiais, a tragédia deixou cerca de 30 mil mortos no país, mas os meios de comunicação locais apontam 42 mil mortes.

Na semana passada, em entrevista coletiva na capital do país, Kumaratunga afirmou que um confronto armado entre as autoridades de Colombo e a guerrilha tâmil é "uma opção muito improvável neste momento, pois a tragédia é tão grande que nem o governo nem o LTTE podem pensar agora em voltar à guerra".

O líder do braço político da guerrilha, S.P. Thamilchelvam, também afirmou que a guerra agora é uma opção muito remota. De acordo com ele, ambas as partes devem se concentrar na reconstrução de suas economias e devolver os lares aos milhares de desabrigados.

Nos últimos meses, a tensão entre o Executivo e os rebeldes tinha aumentado, com acusações mútuas de desrespeito ao cessar-fogo. Em 1983, a guerrilha do LTTE iniciou um levante armado para conseguir a separação das regiões do norte e do leste do Sri Lanka, de maioria de população tâmil, que atualmente está sob seu controle.

O governo de Colombo e a guerrilha tâmil, com mediação da Noruega, assinaram um cessar-fogo e iniciaram negociações de paz em fevereiro de 2002, mas as conversações foram interrompidas em abril de 2003.

No entanto, a trégua se manteve durante estes quase três anos sem incidentes, depois que mais de 65 mil pessoas morreram no país devido à violência na ilha.




Fonte: EFE

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