Ajuda humanitária intensificada

O gigantesco esforço internacional de ajuda para milhões de famintos e desabrigados nas áreas devastadas pelos tsunamis do dia 26 foi intensificado ontem com o início de uma ponte-aérea humanitária para a região indonésia de Aceh, a mais afetada pela tragédia. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) começou a transportar 400 toneladas de suprimentos da Dinamarca e Dubai para Aceh, na Ilha de Sumatra. Na operação de três dias será entregue material para abrigar 200 mil pessoas. Os suprimentos incluem 2 mil barracas tamanho família, 100 mil cobertores e 20 mil kits de cozinha.

"Colocar tetos sobre as cabeças dessas pessoas é uma das maiories prioridades", disse o alto comissário para Refugiados, Ruud Lubbers. "Elas estão traumatizadas, vivendo num inferno."

Helicópteros militares americanos baseados no porta-aviões Abraham Lincoln, que chegou sábado à costa de Sumatra, também levaram ajuda à região de Aceh, atraindo multidões de famintos ao jogar caixas de alimentos e garrafas de água em áreas inacessíveis por terra. "A situação logística está bem melhor", disse o chefe da missão de ajuda da ONU na Indonésia, Michaem Elmquist.

Entretanto, as fortes chuvas continuaram dificultando a distribuição de suprimentos em Sri Lanka, onde campos de refugiados ficaram alagados. "Quando perdemos nossas casas, viemos para cá, e agora vieram as chuvas e levaram tudo que tinha sobrado", disse o refugiado G. K. Sambasivam, de 65 anos, que tem dezenas de parentes desaparecidos.

Até ontem foram confirmadas 129.817 mortes causadas pelos tsunamis em 8 países do sul da Ásia e 4 do leste da África, mas funcionários da ONU estimam que o total chegue a 150 mil. Os mais afetados foram a Indonésia (mais de 80 mil mortos), Sri Lanka (quase 30 mil) e Índia (mais de 14 mil). O Itamaraty informou que, até ontem, havia 143 brasileiros desaparecidos em países afetados pelos tsunamis.

Um pescador indonésio foi encontrado preso embaixo de seu barco ontem, uma semana após o terremoto que devastou a Ásia. Tengku Sofyan, de 24 anos, estava muito desidratado e foi levado para o hospital de Banda Aceh, onde estava recebendo soro. Segundo os médicos, ele mal podia falar e tinha cortes pelo corpo.

"A condição dele é extremamente frágil, especialmente a mental", informou o médico Irwan Azwar, que atendeu o homem. Segundo testemunhas, Safyan estava no mar quando o tsunami de 26 de dezembro arremessou seu barco para a praia, em Lampulo. A embarcação virou e ele ficou preso sob ela, sem poder sair, sem comida e bebida.