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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 24 de Dezembro de 2004 às 10:22

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Com mais de 90 hospedeiros, a Ferrugem Asiática, facilmente propagada pelo vento, não possui perspectivas de erradicação. Após três safras convivendo com o problema, técnicos da Fundação MT e da multinacional sueca Syngenta AG, destacam que somente a informação e o monitoramento constante podem evitar perdas, de 10% a 100%, nas lavouras. "O controle reduz muito os impactos da doença", frisa a fitopatologista da Fundação MT, Márcia Yuyama.

A doença, que pode ser confundida com a septoriose, cristamento bacteriano e ainda mildio, é a mais agressiva e de propagação rápida. Segundo o gerente de culturas e clientes da soja da Syngenta, unidade Cuiabá, André Luiz Toesca, já no sexto dia de surgimento da ferrugem, há coloração nas plantas, que ficam mais amareladas. "No 13º dia, a desfolha já é visível e entre o 27º e 30º dia, há a desfolha completa. Por isso, insistimos na importância da informação".

A multinacional, de forma pioneira e genuinamente brasileira, criou na safra passada, o programa Syntinela, uma referência para o monitoramento da doença. "O objetivo ó proteger o potencial produtivo da planta, monitorando a dispersão da ferrugem. Nas áreas de Syntinela, a soja é plantada cerca de 20 a 30 dias antes do início do plantio na região, pois se houver presença de esporos da doença, esta área desenvolverá a ferrugem e serve de alerta para o produtor, por que ele vai saber, que na sua lavoura comercial haverá focos", explica Toesca.

Estas áreas de teste, que servem de iscas para atração dos fungos da ferrugem, ocupam 100 metros quadrados e são instaladas de forma estratégica, onde há potencial da doença. "Não há nenhum critério de seleção para se optar por esta ou aquela área, somente onde há potencial de surgimento", esclarece. As Syntinelas são feitas em parcerias com os produtores que disponibilizam maquinários e a Syngenta oferece todos os insumos.

Todas as regiões do Estado estão cobertas pelo programa, somando 128 áreas de teste, e no Brasil, chegam a mil. "O grande diferencial deste trabalho é que ele aponta o momento correto para a aplicação do fungicida", justifica.

Não há uma regrinha básica, a ferrugem não admite teorias. Quanto maior a quantidade de folhas da plantas, mais favorável é o momento para que ela apareça. "Quanto mais cedo ela surgir, maior será o número de aplicações fúngicas para serem feitas até a colheita. O seu surgimento está atrelado as condições climáticas, altitudes e época do plantio. Quando há muitos focos, temos necessidade de reduzir os intervalos de aplicações", orienta o gerente de desenvolvimento de mercado MS/MT, Onydes Souza.

Uma orientação dos técnicos da Fundação MT que pode ajudar no controle da ferrugem é uma avaliação de pelo menos duas vezes na semana da lavoura, "avaliação feita por agrônomos especializados", ressalta Márcia. O monitoramento deve ser constante em regiões com históricos do fungo, devendo ser intensificado. Até o florescimento fazer uma aplicação preventiva e estar sempre trocando e buscando informações.

Segundo Souza e Márcia os custos dos agroquímicos estão atrelados ao aumento da tecnologia que o campo demanda a cada safra, mas que no caso dos fungicidas, o que combate a ferrugem acaba eliminando outras doenças, "por isso o custo acaba sendo diluído", explicam.

A multinacional acredita que com estes investimentos possa ser evitado um prejuízo de US$ 1,8 bilhão nesta safra no Brasil. No ano passado, foram mais de US$ 1 bilhão em perdas. Todas as informações captadas por meio do monitoramento estão disponibilizadas aos produtores no site (www.syntinela.com.br). "Estamos fazendo parte do Comitê Anti-ferrugem, instalado a pedido do Ministério da Agricultura. Todas as informações que obtemos são repassadas à Embrapa.

EPISÓDIO - Sousa esclarece que o episódio da safra passada foi superado e não trouxe atritos maiores para empresa e produtores. Após a colheita, sojicultores estaduais começaram a questionar a eficiência de alguns fungicidas, entre eles duas marcas da Syngenta, o Priori e o Score, alegando perdas de grãos em função disso. O diretor explica que todos os sojicultores foram atendidos e que não foi necessária nenhuma indenização.




Fonte: Diário de Cuiabá

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