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Nacional
Sexta - 17 de Dezembro de 2004 às 18:50

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A busca de um governo de coalizão continua na pauta do dia, apesar da crise envolvendo o PMDB. E a segunda reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá "papel importante" nesse processo. A avaliação é do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que está confiante na melhora das relações do governo com o Congresso e com as perspectivas econômicas.

"Eu defendo e tenho certeza que nós vamos avançar para um governo de coalizão, com os aliados participando mais decisivamente da elaboração, se sentindo pertencendo ao governo. Não é o governo do PT e dos seus aliados, é um governo de coalizão, formulando e governando juntos", disse Mercadante em seu gabinete no Senado.

"A reforma ministerial vai ampliar o governo, vai dar mais consistência, mais sustentação, mais governabilidade e mais engajamento do PT e dos partidos aliados com o governo."

Sobre a situação no PMDB, Mercadante disse que a relação do governo com o partido no Senado "nunca foi tão boa". E resumiu sua visão sobre a divisão da legenda, que realizou uma convenção no último domingo decidindo romper com o governo - os efeitos da convenção estão suspensos por uma liminar. "Dos 23 senadores, 20 assinaram o documento defendendo apoio ao governo. Eu tenho certeza que mais de dois terços, 90% dos prefeitos eleitos, têm a mesmo posição, além de 52 deputados. Então, o PMDB que tem voto, que tem representação, defende essa relação estratégica com o governo."

E para ele, o mesmo se aplica ao PPS, que também decidiu deixar a base governista no último fim de semana. "Aqueles homens públicos que têm votos, que têm responsabilidade pública, que têm eleições a disputar vêem no presidente Lula e nesse governo o rumo do futuro", afirmou.

Para ele, o bom rendimento do Senado no final do ano, quando foi aprovada parte da reforma do Judiciário e pode ser votado o projeto que cria as Parcerias Público-Privadas (PPPs), se deve ao esforço de negociação. "No Senado o resultado é promissor porque nós sempre tivemos a política de negociação. Todos os projetos importantes saíram melhor do que entraram. A discussão é feita de forma transparente. Essa política eu acho que dá mais resultado a longo prazo do que o rolo compressor", disse.

Na prática, desde a posse do presidente Lula, o governo sempre teve uma base frágil no Senado, forçando necessariamente a negociação para a votação dos projetos.

Desafios do crescimento

Mercadante mostrou muito otimismo em relação à economia, apesar de manter críticas feitas no meio do ano, quando defendia uma meta de inflação do próximo ano de 5,5% em lugar de 4,5%.

Para ele, choques de preços internacionais, como os do petróleo, já eram previsíveis, o que não justificaria uma meta tão ambiciosa para o histórico do País. Isso, ressaltou, sem colocar em dúvida o compromisso com o controle da inflação. Sua posição não prevaleceu na ocasião e ele não mudou de opinião. Mas isso não o impede de fazer uma avaliação de que o País está iniciando mesmo um ciclo de crescimento sustentável, o que traz desafios novos ao governo. "O Brasil há duas décadas cresce abaixo de 2%, agora estamos crescendo a mais de 5%. É um ritmo vigoroso que o País não está preparado há muito tempo", disse. "É verdade que tem desafios, mas esse é o melhor desafio que o País pode ter."

Mercadante citou matérias já aprovadas, como a reforma da Previdência e a nova Lei de Falências, mas ressaltou que é preciso continuar a avançar nesse campo, concluindo a reforma tributária e aprovando o projeto que cria as Parcerias Público-Privadas (PPPs). Para ele, o importante é que as medidas econômicas, como diz o presidente Lula, são consistentes e não fruto de aventuras. "Não tem nenhuma medida de populismo econômico neste governo, nem vai ter. Ao contrário, nós aumentamos a taxa de juros uma semana antes da eleição."

Futebol

Santista de carteirinha, Mercadante disse que irá a São José do Rio Preto, interior de São Paulo, para assistir ao jogo final contra o Vasco no próximo domingo. Bem-humorado, revelou orgulhoso que foi convidado pelo presidente do clube, Marcelo Teixeira. "O time acha que sou pé quente", disse, sem disfarçar a modéstia. O senador tem uma camisa oficial do clube, com o número 13 - número do PT - e seu nome.

Segundo ele, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), é outro santista que pode ir ao jogo, embora isso ainda não esteja certo. "Ele não é muito de ir no campo."

O senador comentou que chegou a ligar para o atacante Robinho, oferecendo-se para ajudar no que fosse preciso no caso do sequestro de sua mãe, que terminou nesta sexta-feira. E mostrou confiança no título, quando listou uma série de "indicadores positivos" do time, como o melhor ataque da competição, no mesmo entusiasmo que com que cita dados econômicos.




Fonte: Reuters

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