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Internacional
Segunda - 06 de Dezembro de 2004 às 10:50

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O descumprimento dos compromissos dos países ricos de ajuda ao desenvolvimento condena milhões de crianças do mundo à morte prematura e impedirá a erradicação, até 2015, da fome e da pobreza extremas, duas das Metas do Milênio da ONU. Esta é a denúncia que faz a organização humanitária Oxfam em um relatório segundo o qual enquanto os países pobres têm que desembolsar US$ 100 milhões por dia em pagamentos de suas dívidas, os ricos reduziram sua ajuda ao desenvolvimento pela metade em relação a 1960.

Se não forem tomadas medidas urgentes, adverte a Oxfam, mais 45 milhões de crianças morrerão em 2015, 97 milhões a mais não serão escolarizadas e 247 milhões a mais de pessoas da África subsaariana serão obrigadas a viver com menos de um dólar ao dia. "O mundo nunca teve tanta riqueza, mas os países ricos doam cada vez menos. Em todo o planeta, milhões de pessoas vêem negado seu direito a necessidades básicas, como água potável, comida e educação", critica Jeremy Hobbs, diretor executivo da Oxfam.

Milhões de pessoas morrem de fome e aids e outras doenças, enquanto os países ricos criam obstáculos para medidas que poderiam remediar estes problemas pelo menos em parte, como o perdão da dívida e a ajuda ao desenvolvimento.

No domingo, durante a apresentação do relatório, a Oxfam pediu aos chefes de Estado e de governo de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, que integram o G8 com a Rússia, que dêem um passo histórico. Este passo histórico seria cancelar toda a dívida dos países pobres, tanto a bilateral como a contraída com o Banco Mundial (Bird) ou com o Banco de Desenvolvimento Africano; aumentar a ajuda ao desenvolvimento; e tomar uma série de medidas para que o comércio mundial seja mais justo.

O G8 e outros países doadores deveriam dar mais ajuda e, além disso, doar no mínimo US$ 50 bilhões em ajuda emergencial. Por sua vez, o Bird e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deveriam restringir a condicionalidade de seus empréstimos e doações.

Segundo a Oxfam, apesar de os países ricos terem se comprometido em 1970 a dedicar 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à ajuda ao desenvolvimento, 34 anos depois nenhum membro do G8 cumpriu o prometido. Considerando o ritmo atual, Canadá, Estados Unidos e Alemanha, respectivamente, não cumprirão as metas da ONU até 2025, 2040 e 2087.

Os US$ 120 bilhões adicionais que os países ricos teriam que doar a cada ano para alcançar a percentagem à qual se comprometeram equivalem apenas a um quarto do que o mundo gasta em publicidade e a um sexto do que dedica à defesa. Os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, mas também o mais miserável do ponto de vista da ajuda ao desenvolvimento, gastam só na guerra do Iraque o dobro do que lhe custaria aumentar sua ajuda ao desenvolvimento de 0,14% do PIB para 0,7%.

Além disso, apenas 40% do dinheiro apresentado oficialmente como ajuda ao desenvolvimento chega de fato a seu destino, e quando isto acontece é com um grande atraso, critica a Oxfam. Por exemplo, 20% do dinheiro que a União Européia (UE) dedica ao desenvolvimento chega com um atraso mínimo de um ano, ao passo que 92% da ajuda que a Itália presta é destinada à compra de bens e serviços exclusivamente italianos, o mesmo que ocorre com 70% da ajuda dos Estados Unidos. De acordo com o estudo da Oxfam, se os líderes ocidentais não apresentarem uma solução eficaz até 2015 mais 34 milhões de pessoas sofrerão de fome extrema.




Fonte: Agência EFE

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