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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Terça - 30 de Novembro de 2004 às 15:53

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Se Ruanda invadir a vizinha República Democrática do Congo de novo, já se conhece pelo menos um grande derrotado no conflito: a natureza. Um ministro congolês disse hoje que tropas de Ruanda haviam entrado no país, atacando e incendiando vilarejos próximos à fronteira.

A úmida região tropical na fronteira entre os dois países abriga uma grande variedade de animais selvagens, incluindo os majestosos gorilas da montanha e seus parentes da planície, ameaçados de extinção. As guerras do passado na região já afetaram bastante a vida selvagem. Ruanda invadiu o Congo duas vezes nos últimos oito anos, perseguindo rebeldes hutu que responsabiliza pelo genocídio no país, em 1994.

"Em 1996 estimamos que houvesse 17 mil gorilas-das-planícies-orientais na região," disse Ian Redmond, consultor-chefe do Projeto para a Sobrevivência dos Grandes Macacos (Grasp) da ONU.

"Hoje tememos que esse número seja algo entre 3.000 e 5.000, exatamente por causa da guerra," disse ele à Reuters por telefone, de seu escritório na Grã-Bretanha.

Na semana passada, Ruanda ameaçou várias vezes enviar soldados para o Congo por causa dos rebeldes hutus. Na terça-feira, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, disse que seu país já havia iniciado o ataque planejado contra os rebeldes congoleses.

Na África, os exércitos, sejam os estatais ou forças rebeldes improvisadas, têm que se virar para viver, o que normalmente é ruim para a vida selvagem. Os conflitos também podem forçar os civis a entrar na mata, onde não resta muita escolha senão caçar animais selvagens para comer.

"As pessoas desalojadas não podem viver de sua própria produção, por isso são obrigadas a viver de carne de animais selvagens," disse Redmond. As populações de elefantes da região também teriam sido afetadas pela instabilidade da região, acreditam os especialistas.

Um novo confronto seria um enorme retrocesso, bem num momento em que começam a aparecer alguns sinais positivos, disseram outros ambientalistas.

"Acabou de ser realizada uma pesquisa na parte alta do parque Kahuzi-Biega, no leste do Congo, que sugere que mais animais selvagens sobreviveram no parque do que se imaginava," afirmou David Jay, coordenador de projetos da Born Free Foundation.

"Mas a planície não é estudada desde 1996 por causa da falta de segurança, e não sabemos se poderemos realizar uma pesquisa lá agora," disse ele.




Fonte: Reuters

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