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Saúde
Domingo - 17 de Outubro de 2004 às 16:53

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Ao descobrir uma gravidez, é preciso se preparar para a chegada do bebê. Entre as providências, inclui-se a compra de berço, fraldas, roupas infantis e outros acessórios. Itens freqüentes nessa lista são as chupetas e as mamadeiras, mas poucos sabem dos males que podem causar à saúde do bebê. Os transtornos são muitos e às vezes graves. Vão desde modificações na forma da mamada – responsáveis por retirada insuficiente do leite do peito, ganho inadequado de peso e desmame precoce – até sérios problemas dentários e distúrbios na fala. Na busca de incentivar a amamentação exclusiva e garantir a saúde das crianças, o governo desaconselha o uso desses produtos.

Na maioria das vezes, quando os bebês utilizam bicos e mamadeiras paralelamente à amamentação, passam a não querer mais sugar o leite do peito ou sugam com menor intensidade. Assim, eles não conseguem retirar a quantidade de alimento necessária para sanar a fome e desenvolver-se adequadamente. Esse é um dos fatores responsáveis pelo desmame precoce. Como os bebês não se sentem satisfeitos, choram de fome minutos após a mamada. Tal situação leva as mães a acharem que seu leite é fraco ou pouco, e a substituírem a amamentação pelo uso de leites industrializados ofertados em mamadeiras.

“A adoção de bicos e mamadeiras é considerada a principal causa do desmame precoce, que leva à perda de oportunidade de fortalecimento do sistema imunológico da criança”, alerta a coordenadora da Política Nacional de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Sônia Salviano. Com isso, aumenta a incidência de doenças, principalmente diarréias e doenças respiratórias como pneumonia e gripe. “As diarréias e os problemas respiratórios são as mais importantes causas de mortalidade em crianças com mais de 28 dias de vida e menos de 1 ano”, destaca Sônia.

Além de interferir no processo de amamentação, o uso de chupetas e mamadeiras pode causar descida irregular dos dentes, aumento da incidência de cáries, infecções dentárias, distúrbios na fala e outras complicações. Muitas mães pensam que a chupeta é útil porque ajuda o bebê a parar de chorar. No entanto, pode apenas mascarar algum problema. O choro da criança é uma forma de comunicação. Pode ser um sinal de que algo não vai bem ou de que ela quer a presença de alguém, colo ou carinho. “Quando uma criança chora, espera sempre como resposta um aconchego, um afago, e nunca ser condicionada a ficar calada com uma borracha na boca”, assinala Sônia.

O Brasil dispõe de uma legislação forte e consistente para normatizar a promoção comercial de chupetas, bicos e mamadeiras, assim como dos alimentos indicados para consumo de lactentes e das crianças até os 3 anos de idade. A lei proíbe a propaganda desses produtos em qualquer meio de comunicação, incluindo merchandising e divulgação por meios eletrônicos, escritos, auditivos e visuais. Também proíbe a realização de estratégias promocionais para induzir vendas ao consumidor no varejo. Isso inclui exposições especiais, cupons de desconto ou preço abaixo do custo, prêmios, brindes e vendas vinculadas a outros produtos não cobertos pela norma.

Segundo a coordenadora da Política Nacional de Aleitamento Materno, a legislação tem o objetivo de proteger, promover e apoiar a amamentação, com base nas recomendações do código internacional de comercialização de alimentos para lactentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela assinala a importância da regulamentação do comércio de bicos e mamadeiras para o resgate da prática do aleitamento materno exclusivo. “A aprovação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, a NBCAL, representou um marco na história do aleitamento materno no País”, destaca Sônia.

O Ministério da Saúde vem fortalecendo o sistema de monitoramento e vigilância do cumprimento das normas previstas na legislação. Para isso, tem capacitado profissionais de Saúde com atuação nas áreas materna, infantil e de vigilância sanitária. “Com o trabalho, espera-se que esses profissionais reconheçam a importância da amamentação e os malefícios do uso de chupetas e mamadeiras, e denunciem as infrações observadas, principalmente nos serviços de saúde e nos pontos de venda”, destaca Sônia.

As capacitações realizadas pelo ministério são finalizadas com uma ação efetiva de monitoramento da norma. Os profissionais treinados visitam hospitais e pontos de venda desses produtos, e checam o real cumprimento da lei. Eles observam se há distribuição de amostras grátis dos produtos, propagandas em cartazes, outdoors e outras ações que ferem a lei. Os profissionais de Saúde também são responsáveis por esclarecer e orientar a população sobre os riscos do uso de bicos e mamadeiras para a criança.




Fonte: Agência Saúde

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