PM estima em 10 mil o número de armas

Relatório da Polícia Militar revela que metade das apreendidas esse ano estava nas mãos de jovens.

Nos últimos três anos e meio (entre 2001 e o primeiro semestre de 2004), a Policia Militar apreendeu 2.665 armas somente em Cuiabá, conforme relatório do Comando Regional I da PM. Como um outro levantamento realizado pela própria Polícia Militar aponta que, para cada arma apreendida existem outras quatro clandestinas, Cuiabá teria hoje mais de 10 mil armas em circulação. Isso equivale a uma arma para cada a 50 habitantes, um índice que não existe em termo comparativo, mas assusta autoridades.

Para se ter uma idéia de como é fácil andar armado, somente em Cuiabá, a Polícia Federal recolheu em apenas três meses cerca de 1.900 armas que foram trocadas em média por R$ 100. A continuar nesse ritmo, seriam mais de 6 mil em 12 meses.

Segundo a PM, a apreensão de armas - principalmente revólveres - aumenta a cada ano. Em 2001, foram 692 apreensões. No ano seguinte, 819. Em 2.003, 836 e no primeiro semestre deste ano, 316. A explicação para a queda deste ano está na caracterização de crime inafiançável a partir de dezembro do ano passado - quem vai preso com uma arma sem registro fica preso. Antes, pagava-se uma fiança e ficava em liberdade.

O comandante do Comando Regional de Área I da PM, coronel João Batista Vanini, admite que é um número assustador, mas a PM está intensificando as apreensões em Cuiabá através de blitze e operações de rotina durante a madrugada em bairros periféricos.

Ele acredita que a maior parte das armas chega até Cuiabá contrabandeada através do Paraguai pelas cidades de Ponta Porã e Corumbá - e também da Bolívia via Cáceres. Quem traz são, segundo a PM, pessoas especializadas nesse tipo de crime. "A coisa mais fácil é comprar arma (clandestina)", observou.

Conforme as prisões de porte ilegal realizadas pela Polícia Militar, as armas seriam compradas entre R$ 50 e R$ 250 em vários bairros, principalmente Pedra 90 e Três Barras.

O relatório da PM sobre apreensão de armas no primeiro semestre deste ano revela que praticamente metade das armas retiradas de circulação estava em mãos de jovens de 18 a 30 anos. Quase um quarto, 24% foram flagradas com adolescentes.

"O que nos preocupa é ter um número tão alto de menores presos armados. De cada quatro armas apreendidas, uma estava com um adolescente", observou Vanini.

Entre janeiro e julho deste ano, das 316 armas apreendidas, 150 foram em vias públicas. Os militares apreenderam em ruas ou avenidas. Em bares e lanchonetes, foram 47. "Isso resume o nosso trabalho realizado nas blitze", completou coronel Vanini.