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Politica Brasil
Domingo - 03 de Outubro de 2004 às 08:59

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A senadora Serys Slhessarenko mergulhou fundo, este ano, na disputa eleitoral. Dada sua condição de maior liderança política do PT em Mato Grosso, ela percorreu o Estado de ponta a ponta, reforçando a campanha que visa a multiplicar a presença do partido no comando de prefeituras e nos legislativos municipais.

"O PT que, atualmente, só comanda a Prefeitura de Juína, deve dar um salto fenomenal passando a administrar mais de 20 municípios. Devemos também multiplicar por dez o número de nossos vereadores", comemora a parlamentar que, viajando na maioria das vezes de carro, esteve pessoalmente no palanque de 85 cidades, vibrando com a entusiasmada recepção que ela e o PT vêm recebendo pelo Mato Grosso afora. "Não tenho dúvidas de que o PT sai desta eleição como uma das grandes forças políticas de Mato Grosso e que a idéia de uma candidatura própria ao governo do Estado, em 2006 está cada vez mais consolidada".

Em conversa que manteve com a reportagem da Folha do Estado, Serys Slhessarenko fez um balanço do seu périplo eleitoral e das perspectivas que se abrem para a consolidação do PT como alternativa viável de poder em Mato Grosso. Leia os principais trechos.

Folha - Pelo Brasil afora, fala-se da redução da força do PT nas grandes metrópoles e do seu crescimento no interior do país. Como este fenômeno se desdobra em Mato Grosso?

Serys - Me parece que aqui em Mato Grosso esta leitura contém um equívoco. As pesquisas estão aí mostrando que nosso partido tem tudo para fazer bonito em Cuiabá, indo para o segundo turno e ganhando a eleição com Alexandre César. E pelo Estado afora, o crescimento do PT também tem sido expressivo. Nós, que hoje administramos apenas a Prefeitura de Juína, temos condições de ganhar em Nova Bandeirantes com Valdir Barranco; em Chapada dos Guimarães, com o professor Ladebrair; em Comodoro, com o Marcelo Beduschi, um bancário; em Mirassol D´Oeste, com o vereador Roosevelt; em Nova Ubiratã, com o vereador Chiquinho; em Alta Floresta, com o jovem empresário Ademir Brunetto; em Nova Guarita, com o produtor rural Catarino; em Vila Bela, com o vereador Vagner Vicente; em Confresa, com o vereador Mauro Sérgio; em Santa Terezinha, com a vereadora Dagmar Gatti; em Canabrava, com a professora Gê; em Ribeirão Cascalheira, com procurador do Estado Francisco Diá; em Juína, com a reeleição de Altir Peruzzo; em Tabaporã, com o empresário Edison Rosso; em General Carneiro, com o vereador Juracy Rezende; em Porto Estrela, com o médico Cleber Amorim; em Santa Antônio do Leste, com o exator Reinaldo Coelho; em Tapurah, com a Neiva Brissot; em Barra do Bugres, com o pequeno empresário Aniceto Miranda; e em Jauru, com Enércia Monteiro.

Folha - Qual o balanço que a senhora faz da participação do PT nesta eleição?

Serys - É um balanço muito positivo. Apesar do cansaço, do poeirão, é altamente gratificante ver que o PT continua sendo o partido das grandes massas, um patrimônio dos setores mais combativos de nossa comunidade.

Folha - As cidades que a senhora citou, são cidades menores. O PT passa, realmente, a administrar os grotões de Mato Grosso?

Serys - Que é isso, rapaz?! Repare bem: devemos ganhar com candidatura própria em Cuiabá e devemos ganhar também nos dois outros municípios mais importantes de Mato Grosso, que são Rondonópolis e Várzea Grande, onde temos presença forte na campanha. Então, que negócio é esse de grotão? Com Alexandre César, com Welinton Fagundes, com Murilo Domingos, com Zózimo Chaparral em Barra do Garças, nossas forças vão estar administrando as estruturas mais dinâmicas de Mato Grosso e se preparando para saltos ainda maiores dentro do Estado. E esses grotões de que você fala, são cidades cada vez mais importantes, tanto política como economicamente. Dizer que Lucas do Rio Verde, Juína, Sorriso, Tapurah, Nova Bandeirantes são grotões é um contra-senso. Se você vai a Lucas, encontra uma cidade muito melhor organizada, em vários aspectos, do que outros grandes centros. O coronelismo também não impera mais no interior, como se via antigamente.

Folha - A senhora fala como se estivesse considerando estas eleições a consagração da sua liderança dentro de Mato Grosso...

Serys - Não, não tenho esta pretensão, mesmo porque todas essas vitórias são vitórias do PT, um partido que soube articular candidaturas próprias onde teve força para isso, 43 municípios, mas soube também construir coligações que viabilizaram a chegada do partido ao poder. Outras forças partidárias e outras lideranças políticas, aqui em Mato Grosso, infelizmente, não souberam escolher bem seus caminhos e estão se esborrachando nesta eleição.

Folha - Que lideranças políticas são essas? A senhora está falando do governador Blairo Maggi?

Serys - Sim, posso falar do governador Blairo Maggi, por que não? A postura do Maggi nesta eleição me parece que tem sido desastrosa. Ele vai sair das disputas deste ano no mínimo chamuscado, porque perde em Cuiabá, onde escolheu o candidato Sérgio Ricardo, que não teve gabarito nem para conquistar o voto da secretária Terezinha Maggi, sua esposa. Em Rondonópolis, apesar dos pesados investimentos feitos na candidatura do sojicultor Adilton Sachetti, tudo indica que Welinton Fagundes, que tem o professor Ademar do PT, como vice, vai vencer com uma grande dianteira. Ao se confirmar este prognóstico, a "turma da botina" estará sendo sepultada em Rondonópolis. Em Várzea Grande, Maggi priorizou o pagamento da dívida que tinha com Jaime Campos e abandonou a candidatura de Murilo Domingos, de seu partido, o PPS, que deve ganhar em coligação com o PT. É uma pena que por um certo vacilo de nosso partido, não tenhamos o vice em Várzea Grande, mas nossa chapa de vereadores está muito bem.

Folha - A senhora tem alguma coisa contra a candidatura de Nico Baracat, do PSB, a vice-prefeito?

Serys - Claro que não, só estou querendo dizer que com um pouco mais de articulação o PT poderia estar também na vice-prefeitura de Várzea Grande e aí teríamos presença direta no comando das três mais importantes prefeituras de Mato Grosso.

Folha - Mas voltando ao Blairo Maggi, a sua preocupação nestas suas caminhadas foi se contrapor ao discurso e à ação do governador?

Serys - Não, o propósito não foi esse, mas as coisas foram acontecendo naturalmente. O governador agiu de forma tão truculenta, tão incompetente que, por onde passávamos, geralmente encontrávamos uma situação de repúdio da população a manifestações agressivas que ele havia feito.

Folha - A senhora pode dar um exemplo dessas manifestações?

Serys - Maggi, realmente, se comportou nesta campanha, pelo Mato Grosso afora, como um velho cacique da política, ele que chegou a se anunciar como um novo paradigma. De braços dados com o não menos coronelesco Pagot, Maggi disse coisas absurdas, como lá em Sapezal, onde ameaçou demitir todos os funcionários caso seu candidato e parente César Maggi fosse derrotado. Isso só tem contribuído para fazer com que o candidato do PV, Guarino Fernandes, que tem como vice a petista Bia, dispare na frente nas eleições. Em Nova Ubiratã, como em vários outros municípios, o governador perdeu completamente o controle, dizendo que "arroz e feijão todo mundo come, mas a sobremesa só comem os amigos, na mesa com o governador". Enfim, é ou não é um discurso de coronel, tudo isto que me foi relatado? Em Cáceres, de caneta na mão, na frente da Unemat, ameaçou demitir todos aqueles que o contrariarem. Ele anda pensando que os municípios de Mato Grosso são sua propriedade e está muitíssimo enganado. Os municípios de Mato Grosso pertencem aos homens e mulheres que aqui vivem e produzem, não ao governante de plantão.

Folha - E as outras lideranças políticas de Mato Grosso, como estão se comportando? A senhora tem subido no palanque com o deputado federal Pedro Henry, grande parceiro do PT no plano nacional?

Serys - De modo nenhum. Temos coligação com o PP em alguns municípios, mas jamais subi no mesmo palanque que este senhor. Mesmo porque este senhor é uma piada: a grande preocupação dele é me criticar, de forma chula, como se o povo fosse atrás dessas conversas. Este senhor está numa tremenda crise de identidade, não tem o que dizer, não trouxe recursos para a região da Grande Cáceres, e fica dizendo coisas sem nexo, ofensivas, sobre a minha pessoa. A grande mágoa dele é que, em um ano e meio de mandato, viabilizei mais recursos para Cáceres e região que ele em seis anos. Pedro Henry mente descaradamente sobre tudo e, pelo que tenho visto, vai perder na maioria dos municípios e oxalá seu candidato perca em Cáceres. Em Pontes e Lacerda, estou apoiando o prefeito Nelson Miúra, do PMDB, contra o candidato de Pedro Henry, Mioto, e tudo indica que vamos ter ali uma bela vitória. Em Quatro Marcos, apoiamos o atual vereador Zico, temos a vice Jô, do PT, e vamos ganhar a prefeitura, derrotando o candidato do PP, o atual prefeito, doutor Antônio.

Folha - Pelo que a senhora diz, o PT parece que será o grande vencedor desta eleição em Mato Grosso?

Serys - É uma leitura que pode ser feita. Haverá um crescimento não só eleitoral como partidário. Tenho consciência que esses resultados que estamos colhendo vão aumentar muito a demanda de trabalho, tanto no Congresso como junto aos ministérios. Contudo, mais entusiasmante é pensar que o PT se credencia desta forma para disputar o governo do Estado, em 2006, com chances concretas de vitória.

Folha - A senhora está querendo dizer que é candidata a governadora, contra Blairo Maggi?

Serys - Tudo é possível. Ele não sei se será candidato, mas o PT, com todo este crescimento, certamente terá candidatura própria. Estou disposta a participar deste processo e com certeza o meu nome estará à disposição do partido para esta gloriosa tarefa, pois o que temos sentido, pelo Mato Grosso afora, é a necessidade de que surja uma nova concepção de governo e de desenvolvimento em nosso Estado. Hoje, o Estado cresce e se desenvolve para quem já detém muito capital. O agronegócio, com seu alto nível de tecnologia, não cria empregos, é altamente concentrador de renda e tem excluído dos seus benefícios a maioria da população. Isso precisa ser revertido, com a implantação de um modelo de desenvolvimento que democratize o acesso à terra, que apóie o pequeno e o médio produtor rural com crédito e tecnologia, que acabe de vez com esta vergonha do trabalho escravo e seja capaz de agregar valor à nossa produção agrícola, com a criação de plataformas industriais, nos nossos centros urbanos, de forma a incluir neste processo de desenvolvimento as legiões de desempregados. Esse desenvolvimento, em harmonia com o meio ambiente e priorizando o atendimento à pessoa humana, há de colocar Mato Grosso em posição de relevância, nacional e internacional, e não na posição vexatória como se tem visto ultimamente, quando só conseguimos aparecer para o mundo graças à ação dos governantes de plantão como seres que só sabem destruir as florestas e inviabilizar o nosso futuro.




Fonte: Folha do Estado

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