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Terça - 28 de Setembro de 2004 às 22:05

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O relatório sobre o desenvolvimento internacional do Banco Mundial (Bird) - que neste ano tem como tema o "clima para investimentos" - mostra que 52,2% das empresas no Brasil apontam a criminalidade como um sério obstáculo ao investimento no país.

Segundo o estudo do Bird, o crime custa mais de 10% do PIB do país por ano, e as empresas dizem perder o equivalente a 2,8% por causa do crime.

A lista de obstáculo aos crescimento dos negócios, na visão das empresas, é liderada por impostos (84,5%), incertezas com políticas públicas (75,9%), dificuldade de acesso a créditos (72,1%), corrupção (67,2%) e leis trabalhistas (56,9%).

Foram consultadas 1.642 empresas brasileiras. A pesquisa só teve amostras maiores na China (quase 4 mil empresas) e na Índia (1,8 mil).

Criminalidade

Na média dos países pesquisados na América Latiina, mais de metada das empresas identificam a criminalidade como um grande fator de limitação do crescimento.

"Dados compilados no ano 2000 mostram efeitos devastadores do crime na economia de alguns países latino-americanos. Em El Salvador, quase um quarto do PIB foi perdido devido ao crime e só no Peru estas perdas ficaram inferiores a 10%", informa o Banco Mundial.

"Quando o governo não tem força suficiente para fazer respeitar os direitos à propriedade, empresas privadas vendendo 'serviços de proteção' preenchem esta função. Algumas trabalham em cooperação próxima com as autoridades, mas nem todas são assim tão respeitadoras das leis", informa o relatório.

Os países com maior proporção de empresas apontando o cime como grande fator de limitação do desenvolvimennto foram a Guatemala (80,4%) e o Quênia (69,8%).

Com relação aos demais obstáculos apontados pelos empresários brasileiros, o economista sênior do Banco Mundial Paulo Correa, especialista em desenvolvimento do setor privado na América Latina e Caribe, diz que a situação macroeconômica é positiva, mas que o governo tem de investir também em reformas microeconômicas, envolvendo a legislação trabalhista e comercial.

"O governo brasileiro vem dando sinais positivos neste sentido com a redução de impostos em alguns equipamentos e a conclusão do marco regulatório em algumas áreas da economia. O Banco Mundial deu sinais positivos a respeito destas reformas com a liberação de um financiamento de US$ 500 milhões para projetos nesta área", diz o economista.

Regulamentação

Mas o coordenador da Rede Brasil - entidade que reúne 64 ONGs brasileiras em torno de temas ligados ao FMI e Banco Mundial -, Marcus Faro, teme que as propostas de reformas apresentadas pelo Banco Mundial acabem ajudando as empresas mas atrapalhando a sociedade.

"A visão do Banco Mundial, que é a mesma visão do FMI, é a de criar o melhor ambiente possível para o mercado e para as grandes empresas sem dar a devida atenção aos direitos das comunidades e ao bem estar social como base para o desenvolvimento", diz Faro, que está em Washington para acompanhar a reunião anual das duas instituições financeiras internacionais, que acontece esta semana.

"A desregulamentação das leis trabalhistas, por exemplo, é algo que com certeza agradaria ao mercado, mas que a sociedade não quer porque sabe que não é bom para ela", disse.

Paulo Correa diz, no entanto, que a idéia não é uma desregulamentação total da economia, mas racionalização das regras.

"O Estado precisa ter ao mesmo tempo regras que facilitem e incentivem os investimentos e mecanismos fortes que possam proteger a sociedade de abusos que sejam praticados pelas empresas", diz o economista do Bird.

"Dizer que desregulamentar é bom por definição não é correto, mas a experiência mostrou que simplificar o clima para investimentos é sempre positivo para o desenvolvimento."




Fonte: BBC Brasil

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