Juros, impostos e transportes são entraves para desenvolvimento, apontam participantes de debate

Os participantes de debate na TV Câmara ontem destacaram que os juros altos, a carga tributária excessiva e a falta de uma logística multimodal de transportes são os grandes obstáculos ao desenvolvimento do país.

O deputado federal Paulo Afonso (PMDB-SC) destacou a questão da complexidade da carga tributária. "Nos últimos tempos alternamos indicadores positivos e negativos, porque não vencemos a etapa subseqüente que é a etapa do desafio, que vai surgir agora: a questão da infra-estrutura, do crédito, da questão tributária", salientou.

Já a deputada Mariângela Duarte (PT/SP) salientou que a logística em transportes e a sua multimodalidade são essenciais para a retomada do desenvolvimento. "O ministro dos Transportes vem fazendo um esforço sobre-humano para que seu orçamento chegue a R$ 6 bilhões. No entanto, o deste ano não chega a R$ 2 bilhões. Ao mesmo tempo que sou governo, não posso deixar de reconhecer que, embora tenhamos avançado muito, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), repassada aos estados e municípios, deve ser inteiramente destinada ao transporte, para que se possa recompor as finanças do setor", destacou.

Segundo ela, o Brasil investe só 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB). "Não há nação que consiga um crescimento estável sem investir pelo menos 3% do PIB, o que significa R$ 48 bilhões".

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiepr), Rodrigo Loures, também apontou "o gargalo" nos sistemas de transporte do país. " O Brasil praticamente dobrou as exportações nos últimos quatro anos e não houve efetivamente nenhum investimento nos portos, assim como não houve no sistema viário, aeroportos e ferrovias".

Para o empresário, no entanto, a questão mais critica é a da política econômica. "No Brasil, se tem a crença de que os juros são uma ferramenta eficaz contra a inflação. No entanto, o entendimento do setor produtivo não é esse. É o de que a melhor maneira de se ter estabilidade na economia é fazer com que ela funcione bem e, para que ela funcione bem, é fundamental que o custo do capital passe a ser um custo competitivo, em relação às demais nações do mundo".