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Meio Ambiente
Sábado - 21 de Agosto de 2004 às 15:47
Por: CARLOS MARTINS

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O poeta e escritor amazonense Thiago de Mello disse neste sábado (21.08), durante um fórum realizado no último dia do 4° Amazontech, em Cuiabá, que a floresta amazônica poderia gerar recursos suficientes para pagar a dívida externa brasileira. "No dia que o governo brasileiro, como resultado da vontade do nosso povo, se decidir pelo estudo, pela pesquisa dos princípios ativos dos vegetais da nossa floresta, nós podemos pagar nossa dívida externa só com os royalties cobrados", disse o poeta, que participou do Fórum Cultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A noite, às 20h, Thiago de Mello encerra o evento com um recital no Centro de Eventos do Pantanal.

Ao lado de Thiago, especialistas em cultura e meio ambiente discutiram – com a participação do público - de que maneira se pode trabalhar para produzir renda ao mesmo tempo em que se respeita e se protege a natureza. Também participaram o secretário de Cultura de Mato Grosso, João Carlos Ferreira, a professora Carolina de Jesus, representando a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e o artista plástico de Minas Gerais João Alberto Nemer, que mostrou uma experiência conduzida na região dos lagos no Rio Grande do Sul, em São Francisco do Sul, onde com o apoio do Sebrae a população local produz uma arte diversificada, como artesanato, da onde tira seu sustento e ajudam a preservar a cultura.

Autor do poema Estatuto do Homem, escrito em 1964, em Santiago do Chile, Thiago de Mello, mesmo tendo percorrido o mundo, boa parte do tempo por conta do exílio, nunca esqueceu sua pátria, principalmente sua querida floresta amazônica, causa maior de sua vida e luta. "Conscientemente ou não estamos fazendo a opção pelo apocalipse ou pela utopia. Eu optei pela utopia. Por isso consagro minha vida pela Floresta Amazônia, que não é patrimônio da humanidade coisa nenhuma. É patrimônio dos brasileiros, da nossa pátria", diz categórico o poeta.

Thiago reafirmou que a esperança existe sim. Apesar do nosso país, como disse Darcy Ribeiro, ser um país perverso, onde a elite, ou parte dela, quer ganhar dinheiro nem que seja à custa da destruição. A esperança está na consciência de cada um, em fazer sua parte. Por isso ele fala em utopia. "Que cada um faça sua parte, para a construção de uma sociedade melhor", diz o poeta, acreditando que a partir daí ocorra um efeito multiplicador de idéias.

Ele lembrou as ações do homem sobre a natureza. O mesmo urânio encontrado na natureza, nas mãos do homem se transforma numa bomba, capaz de matar milhares de pessoas. "A hidrelétrica é filha da bondade da água e a inteligência do homem. É a tecnologia a serviço do homem", constata. "A mesma tecnologia prodigiosa serve mais aos corpos celestes, que aos corpos terrestres. Com o dinheiro usado poderíamos acabar com a forme de milhões de pessoas no mundo", continua.

Voltando as riquezas da Amazônia, muitas delas desconhecidas e que se tornam perdidas vítimas das queimadas e incêndios, Thiago de Mello contou que o Pentágono considera a Amazônia como estratégica. Um dos minerais ali encontrados é utilizado para o revestimento das naves espaciais. Reforçando o sentimento de soberania que deveria unir todos os brasileiros, a começar pelo governo, ele denuncia que mais de 100 mineradoras estrangeiras atuam na região e com autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral. "Que cada brasileiro faça sua parte para preservar a Amazônia", finalizou, elogiando o Sebrae por ter organizado um evento tão grandioso e que apor certo contribuirá para despertar uma tomada de posição.




Fonte: Assessoria/Amazontech

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