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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sábado - 21 de Agosto de 2004 às 15:28

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São Paulo - A alta de preços da gasolina e do álcool em 2004 está fazendo com que os consumidores brasileiros se rendam, cada vez mais, ao uso de Gás Natural Veicular (GNV) como alternativa mais barata de combustível para seus carros. A oferta, no entanto, continua limitada a poucas capitais, já que são poucas as cidades brasileiras que contam com infra-estrutura de abastecimento desse tipo de combustível. Mesmo assim, o Brasil já possui a segunda maior frota de automóveis movidos a gás natural (só superado pela Argentina) e a tendência de crescimento já foi detectada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP).

Segundo a entidade, que congrega as grandes empresas do setor, a estimativa é de que o número de carros convertidos para uso de GNV atinja no País 820 mil unidades ao final de 2004, um crescimento de 27,4% ante os números registrados no final de 2003.

Dados preliminares do IBP apontam que, em julho, a frota de carros convertidos ao GNV atingiu 738.319 veículos, o que representa um crescimento de 12,13% ante o registrado em janeiro deste ano. "Nossas informações preliminares apontam que o mês de julho teve 15,5 mil carros convertidos, média superior aos 14 mil do mês anterior, de 14 mil veículos. Com certeza, no ano que vem, atingiremos frota de um milhão de veículos convertidos ao GNV", afirmou o vice-coordenador da Comissão de GNV do IBP, Francisco Barros.

O preço mais baixo do gás para o consumidor, e a conseqüente economia nos gastos mensais com o carro, é o que explica estas taxas de crescimento, segundo Barros - que também é executivo do Grupo Ipiranga. Ele explicou que, no momento, está ocorrendo uma espécie de ´efeito psicológico´ no consumidor. "Quando se tem notícias na imprensa de que há a possibilidade de o preço da gasolina aumentar de novo, os indecisos que ainda não sabiam se queriam fazer a conversão acabam se decidindo pelo GNV", comentou.

Como exemplo, o executivo citou dados do mais recente levantamento da pesquisa semanal de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP). No período de 8 de agosto a 14 de agosto, o litro da gasolina era negociado ao consumidor, em média, por R$ 2,13; o litro do álcool era vendido a R$ 1,26 em média; já o metro cúbico do gás era negociado ao consumidor a R$ 1,09. "Um carro, com um litro de gasolina, roda 10 quilômetros; com um litro de álcool, roda sete quilômetros. Já com um metro cúbico de gás, o carro pode rodar 12 quilômetros", comparou Barros.

Conversão

Para fazer a conversão, um consumidor gasta em média R$ 3.500, o que foi considerando relativamente caro por Barros. Porém, ele informou que, segundo estudos do IBP, um consumidor que utiliza gasolina em seu carro pode economizar R$ 6.600 ao ano se adotar o GNV como combustível; no caso do cliente que usa álcool a economia anual seria de R$ 4.800, de acordo com os cálculos do IBP.

Segundo Barros, o total de veículos convertidos até julho representa 3,2% do total da frota de veículos que têm potencial de conversão no Brasil - que gira em torno de 23 milhões de unidades. "Nossa estimativa é de que, em cinco anos, a frota de veículos convertidos ao uso do GNV chegue a 1,7 milhão de unidades, o que representaria 7% do total da frota de veículos (com potencial de conversão) no País", disse.

O aumento no número de veículos que podem usar gás como combustível teve um efeito benéfico na demanda pelo produto no Brasil. De acordo com Barros, o total de vendas de GNV no primeiro semestre foi 21% superior ao registrado em igual período no ano passado. A tendência de crescimento no consumo este ano também foi notada pela Associação Brasileira de Gás Natural Veicular (ABGNV). Segundo dados da instituição, o consumo de GNV deve encerrar o ano atingindo 4,7 milhões de metros cúbicos ao dia no Brasil; caso a estimativa se confirme, será uma elevação de 29% ante o observado em 2003, quando o País atingiu consumo de 3,65 milhões de metros cúbicos/dia, de acordo com dados da associação.

Rio

Incentivos fiscais do governo estadual fizeram com que os consumidores do Rio de Janeiro se tornassem os campeões entre os Estados na conversão de veículos ao GNV. Segundo dados do IBP, o Estado detém em torno de 39% do total da frota de unidades convertidas no Brasil. Barros explicou que existe um abatimento no pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos (IPVA) do Estado.

O estado de São Paulo também possui desconto similar e, de acordo com dados do IBP, ocupa a segunda posição entre os Estados no número de carros convertidos ao GNV, com fatia de 26% no total da frota de veículos adaptados ao GNV.

Para o vice-coordenador, com o aumento de número de veículos convertidos ao gás natural veicular, ocorrerá ainda um crescimento no número de postos de venda que disponibilizam o produto. Atualmente no Brasil são 827 postos que vendem GNV, mas a estimativa da entidade é que 2004 encerre com 970 postos no País. "É um número pequeno ainda. Mas conforme a frota for crescendo, este número aumentará. Os revendedores perceberão a quantidade de carros e disponibilizarão em seus postos o GNV", afirmou.

Outro fator positivo no cenário a longo prazo, apontado pelo executivo, foi o crescente volume de descobertas de gás por parte da Petrobras. Ele observa que, se houver maior disponibilidade de gás nacional no mercado interno, a tendência é de que ocorra substituição no consumo interno de gás importado, que é mais caro, pelo produzido no Brasil. "Isso manteria a tendência de preços reduzidos no gás", disse.




Fonte: AE

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