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Internacional
Domingo - 15 de Agosto de 2004 às 21:43

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O prefeito de Assunção, Enrique Riera, teve de escapar hoje, domingo, quando centenas de pessoas tentaram linchá-lo depois de uma missa em memória das vítimas do incêndio que há duas semanas matou cerca de 400 pessoas num hipermercado da cidade.

A presença de Riera e do procurador-geral do Estado, Oscar Latorre, irritou os membros da Associação de Parentes de Vítimas do Ycuá Bolaños, reunidos nas proximidades da Igreja da Santíssima Trindade. "Aqui há gente que está disposta a matar", afirmou o médico Roberto Almirón, um dos líderes da associação, que atribui à prefeitura parte da responsabilidade pelo incêndio.

Riera teve de sair pelos fundos da Igreja, mas foi cercado por centenas de pessoas que, aos gritos de "assassino, assassino", tentaram agredi-lo. Com a ajuda dos guarda-costas, o prefeito conseguiu furar o cerco e abandonou o local apressadamente. Não havia policiais no momento do incidente.

Riera e Latorre se refugiaram no escritório comunal "Oñondivepá" (todos juntos), a cerca de 200 metros da igreja, até os manifestantes serem acalmados por alguns de seus membros. Emissoras de rádio e testemunhas disseram que o arcebispo de Assunção, monsenhor Pastor Cuquejo, também foi agredido verbalmente e teve seu veículo apedrejado na saída da missa.

"Não podemos ser o mesmo tipo de gente que eles. Vamos pedir o julgamento político (do prefeito)", gritou Almirón aos manifestantes, acrescentando que pedirá também a destituição do procurador-geral.

Almirón, que perdeu um filho de 19 anos na maior tragédia civil da história paraguaia, pediu que se retirassem pacificamente do lugar para voltar aonde estavam reunidos inicialmente. Ele disse que foi controlar o estado de indignação das vítimas ao saber que Riera e Latorre haviam sido convidados para um ato de caridade para crianças que ficaram órfãs com o incêndio.

"É muito difícil pedir tudo isto aos parentes (dos mortos e feridos) que sabem que seus entes queridos foram queimados, que se acalmem", disse Almirón. "Pessoas pacíficas transformaram-se em xiitas. Pedimos às autoridades que colaborem", pediu Almirón. Ele explicou que estavam prestando assistência legal às vítimas quando souberam da presença do prefeito.

"Riera correu, saiu pelos fundos (da Igreja) e seus guardas ficaram batendo nas pessoas. Aqui há gente que está disposta a matar, se tentarem impedi-los", reiterou Almirón. Segundo o médico, parentes das vítimas não queriam permitir que Riera aparecesse na igreja da Santíssima Trindade, situada a poucos metros do local da tragédia.

Em 1º de agosto, o supermercado Ycuá Bolaños ficou totalmente destruído num incêncio iniciado por uma obstrução de gordura e restos de carvão na chaminé da área de alimentação, segundo os primeiros relatórios oficiais.




Fonte: EFE

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