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Internacional
Segunda - 09 de Agosto de 2004 às 19:07

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com a ajuda de 900.000 voluntários, está promovendo uma feroz propaganda a favor do 'Não' à revogação de seu mandato, que será decidida no referendo do próximo domingo.

De fato, a propaganda do 'Não' é maciça em toda a Venezuela.

"Tem como objetivo convencer os indecisos", estimados entre 20% e 40% dos venezuelanos segundo as pesquisas, resumiu à AFP Samuel Moncada, porta-voz do Estado-Maior de campanha de Chávez.

"O 'Não' é único, praticamente uma marca de fábrica, intocável, e cria em todo o país uma idéia de unidade", afirmou.

"A meta é registrar duas vezes mais votos de que a oposição, pois nosso objetivo não é simplesmente vencer, mas ganhar de uma forma tão contundente que nem a oposição, nem a comunidade internacional, principalmente o governo americano de George W. Bush, possam ter dúvidas a respeito da real vontade do povo venezuelano", explicou Moncada

"Queremos silenciar uma campanha de agressão contra a Venezuela, financiada pelos Estados Unidos há mais de três anos", acrescentou.

Quanto à organização, Moncada explicou que cada um dos 900.000 voluntários, ou 'patrulheiros', deveria dirigir-se a 10 eleitores.

"Conseguimos despertar um sentimento popular cuja existência já conhecíamos, mas fomos surpreendidos pelo fervor deste sentimento, que é até maior de que nossa capacidade de canalizá-lo", alegou Moncada.

"Supõe-se que existe um voto radical, seguido por um voto nem tão categórico. Depois vêm os 'nem-nem' - neutros -, os abstencionistas históricos, e finalmente os que nunca votaram. Estamos agora nos dirigindo aos eleitores que nunca votaram", afirmou.

Moncada destacou que a campanha oficial era "organizada, disciplinada, com um único tema recordado constantemente. Não existe dispersão, há uma liderança clara com ordens claras, o que proporciona uma imagem de coerência, de unidade, de poder e de confiança na vitória".

Esta será a campanha "que se dirigirá a mais pessoas em toda a história da Venezuela", adiantou Moncada.

"O dia 15 de agosto - dia do referendo - será crucial. Todo o processo bolivariano estará em jogo, e é uma gigantesca aposta que assumimos democraticamente. Além disso, se vencermos no próximo domingo, haverá um efeito dominó que nos beneficiará nas eleições regionais, previstas para setembro. Na verdade, estamos realizando duas campanhas em uma", resumiu.

"Entre o 1,5 milhão de novos eleitores - entre eles 500.000 recém-naturalizados - já sabemos que 70% nos apóiam: garantimos o voto dos pobres", acrescentou.

"O que a oposição venezuelana oferece aos pobres? Nada", disparou.

Por sua vez, a oposição, que busca afastar Chávez do poder no próximo domingo, busca seus votos casa por casa com 435.000 voluntários, com o objetivo de garantir o apoio da chamada "opinião oculta" que os favoreceria.

O porta-voz da opositora Coordenadora Democrática (CD), Jesús Torrealba, explicou que a primeira fase da campanha, já concluída, foi dedicada ao recrutamento e à formação dos voluntários.

Na Venezuela, não está acontecendo "um confronto convencional, mas um conflito entre um país e um governo autoritário. Trata-se de uma campanha do governo versus um imenso voluntariado", considerou Torrealba.

O porta-voz explicou que a oposição tinha 8.500 comandos de campanha, um por centro de votação, 335 comandos municipais e 24 estatais.

O comando central da campanha é formado por 100 pessoas, com uma diretoria de 13 membros, incluindo ele mesmo.

Torrealba qualificou a campanha do governo de "dispendiosa e faraônica", que busca "o impacto".

Segundo o porta-voz, a oposição conta com uma lista consolidada de 4,6 milhões de partidários, que "em algum momento nos últimos dois anos expressaram com firmeza sua rejeição ao governo Chávez".

"Isso tem um grande significado, pois é um ato público com pessoas firmemente dispostas a votar 'Sim' no referendo revogatório", sustentou.

Torrealba também explicou que a este número deviam se somar muitos funcionários públicos, militares e beneficiários de programas governamentais dispostos a votar pelo 'Sim' mas que não afirmaram seu voto para não correr o risco de serem punidos de alguma forma. Assim, segundo o porta-voz, a oposição já concentraria 6,5 milhões de partidários.

De acordo com Torrealba, esta "síndrome da opinião oculta" se verifica no contexto de "regimes autoritários ou situações especiais de violência, como na Nicarágua, quando Violeta Chamorro conquistou a presidência em março de 1990".

"Acontecerá algo parecido no próximo domingo na Venezuela", previu Torrealba, que parece apostar todas as suas cartas neste voto oculto.

"Nossa campanha está indo muito bem, alcançamos os resultados que queríamos", afirmou.

"Chávez está errado se pensa que os novos inscritos e os recém-naturalizados, que representam no total 1,5 milhão de eleitores, votarão a seu favor", avisou o porta-voz opositor.




Fonte: Uol

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