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Economia
Quinta - 27 de Maio de 2004 às 19:04
Por: Rodrigo Gaier

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O IBGE afirmou que o crescimento brasileiro no primeiro trimestre foi significativo, mas ressaltou ver com cautela a performance da economia, já que ela está centrada na agropecuária e nas exportações enquanto o consumo das famílias segue fraco.

A economia brasileira cresceu 1,6 por cento no primeiro trimestre de 2004 sobre os últimos três meses de 2003, a maior taxa desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse.

Sobre o primeiro trimestre de 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 2,7 por cento, interrompendo três períodos de resultados negativos nessa comparação, acrescentou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

"Os resultados do primeiro trimestre são bastante favoráveis, e de certa forma surpreendentes, mas não se deve deixar de olhar a taxa acumulada de quatro trimestres (do segundo trimestre de 2003 ao primeiro de 2004), que está em zero por cento", disse Roberto Olinto, gerente das contas trimestrais do IBGE, a jornalistas.

Uma fonte do IBGE próxima aos números disse para chegar à expansão de 3,5 por cento prevista pelo governo para 2004, a economia tem que crescer em média 3,8 por cento nos próximos três trimestres, o que é pouco provável.

A fonte acrescentou que os dados mostram que o governo perdeu a oportunidade de baixar juros e de incentivar o consumo antes do choque externo visto recentemente.

"O consumo não é no momento vetor de inflação. O governo perdeu a chance de estimular o mercado interno e agora não dá para baixar juros com dólar alto e barril (de petróleo) batendo recorde", afirmou a fonte, que preferiu não se indentificar.

O consumo das famílias subiu 0,3 por cento sobre o quarto trimestre e 1,2 por cento contra o primeiro trimestre do ano passado.

Olinto minimizou esses aumentos. "Tem muito de efeito de base fraca... Eu diria que está estável, ainda refletindo queda no rendimento real e um crédito caro por causa dos juros altos", disse ele.

"O consumo das famílias tem perspectiva de crescimento, mas isso vai depender de uma decisão de política monetária", acfrescentou.

As exportações avançaram 5,6 por cento sobre o trimestre imediatamente anterior, enquanto as importações subiram 4 por cento.

Sobre o primeiro trimestre de 2003, a alta das exportações foi de 19,3 por cento e a das importações, de 11,7 por cento.

O IBGE acrescentou que contra igual período do ano passado, o setor agropecuário cresceu 6,4 por cento, o industrial avançou 2,9 e o de serviços subiu 1,2 por cento.

Olinto disse que o crescimento da indústria foi beneficiado pela base fraca de comparação, mas que também está bastante ligado às exportações.

DESACELERAÇÃO

O dado do PIB ficou um pouco acima do esperado por analistas. A média de 11 economistas ouvidos em pesquisa Reuters apontou um crescimento de 1,2 por cento sobre o último trimestre de 2003 e de 2,2 por cento contra o primeiro.

Os economistas ressaltaram, no entanto, que o ritmo de expansão vai esfriar nos próximos trimestres.

"O crescimento tende a desacelerar... A retomada vai ser freada com a instabilidade externa... e não se pode ignorar a manutenção dos juros (no início do ano e em maio)", disse Massaru Nakayasu, economista-chefe do Banco de Tokyo Mitsubishi.

Para Pedro Paulo da Silveira, economista do Finabank, o crescimento no ano deve ficar abaixo de 3 por cento previsto em média pelo mercado.

Isso deverá ocorrer devido ao "setor externo (exportações) que deverá encontrar um limite para seu crescimento..., à tendência de queda dos investimentos privados e pela tendência atual de retração da renda real", disse ele em nota.

Muitos economistas já reduziram suas projeções em relação ao início do ano --quando eram de cerca de 3,5 por cento-- para algo próximo a 3 por cento, em meio à relutância do emprego e da renda de se recuperarem e aos juros altos.

Já o Banco Central considerou, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada nesta quinta-feira, que o desempenho do PIB mostra que foi acertada a política de juros até momento.

"É importante notar que a trajetória de retomada prossegue sem interrupção durante o primeiro trimestre de 2004, a despeito dos temores bastante difundidos de que a decisão do Copom de manter a taxa Selic inalterada nas reuniões de janeiro e fevereiro pudesse ter dado margem a pessimismo capaz de fazer a retomada perder o ímpeto."




Fonte: Reuters

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