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Internacional
Quarta - 26 de Maio de 2004 às 09:09
Por: Maria Fernanda Delmas e Raquel

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XANGAI, China - O governo chinês manifestou ao Brasil o interesse em uma parceria em energia nuclear. O assunto será retomado em agosto, porque o Brasil ainda precisa decidir como conduzir seu programa nuclear, afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Em agosto, uma missão chinesa irá ao Brasil tratar, sobretudo, de cooperação na área aeroespacial.

Segundo Campos, que integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na China, os chineses mostraram interesse em comprar urânio do Brasil, além de fazerem sondagens sobre uma cooperação envolvendo a tecnologia brasileira de centrifugação para a produção de urânio enriquecido.

Campos disse que explicou aos chineses que o Brasil está revisando seu programa nuclear e que, segundo estudos realizados, só teria condições de enriquecer urânio em escala industrial em 2008, mas o produto deverá servir apenas para o abastecimento das usinas de Angra.

Os chineses também demonstraram interesse por urânio bruto, mas o Brasil está impedido por lei de vendê-lo pois é considerado um produto de defesa nacional. Se o governo quiser rever a posição sobre o urânio bruto, terá de aprovar um projeto de lei no Congresso Nacional.

Os chineses também demonstraram interesse em explorar com o Brasil possibilidades de ampliar a cooperação em outras aplicações pacíficas da energia nuclear nas áreas médica, agrícola e na segurança de instalações nucleares, no Brasil e na China.

O ministro acredita que até agosto o país já terá tomado decisões importantes sobre energia nuclear. Há três comissões no Congresso Nacional estudando o assunto.

Nos últimos 20 anos, o Brasil investiu US$ 1 bilhão em tecnologia nuclear, e precisa resolver se continuará com o programa estatal fechado - sem acompanhar a velocidade de outros países - ou atuará mais incisivamente, possivelmente, com o financiamento de parceiros. Segundo o ministro, se a decisão brasileira for de deslanchar o programa, a China pode ser um dos parceiros - ou outros países que respeitem os acordos nucleares internacionais.

O Brasil tem tecnologia nuclear, conhecimento científico e reservas de urânio, destacou Campos. Para avançar no programa, podem ser necessários até US$ 3 bilhões, incluindo a conclusão de Angra III e a construção de um submarino movido a energia nuclear.

A China tocou no assunto da energia nuclear porque tem, desde 1982, um acordo guarda-chuva com o governo brasileiro sobre Ciência e Tecnologia. Isso significa que há determinados assuntos que podem ser discutidos pelos dois países, entre eles energia nuclear e cooperação aeroespacial.

No meio deste ano, comissões técnicas do Brasil e da China se encontram para discutir a questão aeroespacial. Em agosto, irá ao Brasil o alto escalão da Ciência e Tecnologia da China. O país asiático e o Brasil compartilham o controle de um satélite que já tem qualidade suficiente para vender as fotos tiradas a outros países, e os dois parceiros precisam fazer um acordo sobre isso.




Fonte: Globo Online

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