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Nacional
Segunda - 03 de Maio de 2004 às 20:30

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A prefeita de São Paulo Marta Suplicy será a presidente da maior organização mundial de cidades, denominada Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU). A entidade reúne mais de 1,5 mil municípios de 126 países. Os trabalhos do congresso que cria a nova organização, fruto da fusão de três associações internacionais, tiveram início nesta segunda-feira em Paris. A prefeita de São Paulo e os prefeitos de Madri, Moscou, Istambul, Bogotá e Veneza participaram de um debate sobre os direitos humanos nas cidades.

Marta Suplicy será formalmente indicada para o cargo de presidente da CGLU por um ano na próxima quarta-feira, último dia do congresso. Na realidade, a votação será simbólica, já que trata-se de uma chapa única, da qual também fazem parte os prefeitos de Paris, Bertrand Delanoë, e de Pretória, Smangaliso Mkhatswa, que sucederão Marta Suplicy na presidência.

A organização, que já está sendo chamada de "ONU das cidades", tem sede em Barcelona, na Espanha, e funcionará, como outras entidades internacionais, com a contribuição de seus membros. Essas cotas anuais dependem da população da cidade e do desenvolvimento econômico do país.

Os parâmetros para fixação das cotas ainda não foram definidos, mas Paris, por exemplo, deverá pagar os mesmos 26 mil euros (cerca de R$ 91 mil) que pagou no ano passado para duas das organizações que se fundiram na CGLU.

Descentralização

Um dos objetivos desta nova "ONU das cidades", afirmou a prefeita de São Paulo, é a descentralização dos governos municipais e o fortalecimento de suas ações em nível mundial.

Em entrevista à BBC Brasil, a prefeita defendeu a maior participação dos municípios na implementação de projetos do Banco Mundial e das Nações Unidas. E reivindicou também uma maior autonomia das cidades para efetuar empréstimos sem depender do governo federal. "Se não houver essa autonomia, dificilmente as cidades terão acesso à melhorias", disse Marta.

Nos países em desenvolvimento, os governos municipais administrariam apenas 1% dos recursos de programas destinados a melhorar a vida de suas populações. "Os municípios são a instituição mais próxima dos problemas das pessoas. Mas se esses problemas persistirem eles serão, ao mesmo tempo, a instituição mais distante das soluções", disse a prefeita em seu discurso.

A organização também pretende multiplicar acordos de cooperação e intercâmbios entre os governos municipais de diferentes países e efetuar buscas conjuntas de co-financiamentos voltados para o desenvolvimento urbano.

Metade da população mundial (6,1 bilhões de pessoas) vive hoje em cidades. A cada ano, a população vem aumentando em 77 milhões. Em 2.030, 60% da população mundial viverá em zonas urbanas, segundo previsões da CGLU.

"O desemprego, a violência, a falta de moradia e a exclusão social são problemas que afetam hoje a maioria das cidades", afirmou a prefeita de São Paulo.

Terrorismo

Ao decidirem unir suas forças para solucionar essas questões, alguns prefeitos não deixaram de mencionar outro tema que aflige as cidades atualmente: o terrorismo.

O prefeito de Madri, Alberto Ruiz Gallardón Jiménez, que participou da sessão de abertura dos debates com a prefeita de São Paulo, lembrou em seu discurso o recente atentado na capital espanhola.

Apesar de dizer que "o terrorismo não tem nacionalidade", Jiménez afirmou que 1 em cada 8 habitantes de Madri não tem nacionalidade espanhola. "É preciso conseguir a integração dessas pressoas para evitar posturas que sejam fruto do fanatismo", disse Jiménez.

Além da eleição na próxima quarta-feira, o congresso da CGLU também divulgará em seu último dia uma "declaração política" em que os 1,5 mil prefeitos se comprometem a assegurar um desenvolvimento sustentável "em um mundo globalizado", reduzir a pobreza, fornecer água para todos e criar também cidades multiculturais.




Fonte: BBC Brasil

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