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Politica Brasil
Terça - 27 de Abril de 2004 às 07:58
Por: Gonçalo Antunes de Barros Neto

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As pessoas, passada a fase de namoro, de admiração pelo operário-presidente, começam a perceber que o Brasil navega sem rumo, sem política pública. Aflora o pernicioso ambiente de marasmo, o qual deságua na busca de culpados pela própria ineficiência.

Percebe-se, cristalinamente, que estamos sendo “pautados” pelos escândalos sem que se dêem respostas a eles. Parece que o governo federal não vem interpretando, de forma correta, os fenômenos sociais. Tudo se resume a inúmeras justificativas, objetivando estas à busca de um culpado, de um bode expiatório. Não há um pensador, aquele personagem indispensável nos governos, responsável pela criatividade e pelo pensamento “macro”. No passado, resguardada a diferença ideológica, inclusive com este subscritor, contava-se com um Delfim Neto, Mário Henrique Simonsen, ou mesmo o Mato-grossense Roberto Campos. E hoje, o que temos?

Vez por outra se criam atritos, absolutamente desnecessários, com outros poderes, e, novamente, segue-se o mês em justificativas e ameaças – controle externo, generalizações e hiper-dimensionamento de fatos humanos e isolados, lei da mordaça, utilização do Estado “policialesco” em face das liberdades públicas etc. A política federal se resume, atualmente, no aniquilamento do pacto federativo, subvertendo a ordem constitucional com a submissão da segurança pública dos Estados à União, transformando as polícias civis e militares em reprodutoras do que se decide no gabinete do ministro da Justiça.

Ninguém de verniz democrática quer um Estado governado somente por intelectuais, por sábios, como pareceu querer Platão (A República). Mas é irremediavelmente necessário que o mandatário tenha referencial teórico o suficiente para que possa mandar, discernir sobre os fatos sociais, e conhecer as biografias públicas. Enganá-lo é mais difícil. Em sentido contrário, o que prevalece é a intuição - carga de sentimentos adquirida nas assembléias, nas fábricas, nos mandatos; experiência empírica, tão só, sem lastro teórico. Como resultado: as gafes, as arestas com as instituições e Poderes, as quais, ao primeiro sinal de contrariedade, deságuam na soberba do discurso demagógico, das promessas impossíveis, da ignorância permeada pelas palavras que maltratam, que generaliza, que não só quebram os ossos, como o açoite, mas ferem a alma.

Procura-se, com urgência, o homem (ou a mulher) de visão maior, despido de preconceito, que possa pensar e decidir o que está aí. Vale lembrar, sem medo de errar, que o PT tem inúmeros deles, basta tão só buscá-los, não é verdade Francisco Oliveira?

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é Juiz de Direito, da Academia Mato-grossense de Magistrados, professor universitário, e escreve semanalmente neste espaço gabn@estadao.com.br




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