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Internacional
Sábado - 17 de Abril de 2004 às 07:40

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A Eslováquia decidiu hoje, nas urnas, o nome do presidente do país durante os próximos cinco anos, em uma eleição restrita a dois candidatos ultranacionalistas, o que criará uma relação de dependência com Praga, que se tornará a nova porta diplomática de Bratislava. A votações se encerraram sem incidentes às 22h (17h no horário de Brasília), com o fechamento dos 5.862 colégios eleitorais do país eslavo. Os resultados não oficiais serão divulgados no início da madrugada, enquanto a contagem definitiva do votos só será informada amanhã antes do meio-dia, segundo a Comissão Eleitoral Central. Na política internacional, ambos os candidatos, o ex-primeiro- ministro Vladimir Meciar e seu antigo correligionário Ivan Gasparovic, não têm um histórico de sucesso, e necessitarão do apoio de seu aliado natural e antiga nação irmã dentro da federação tchecoslovaca.

Ambos declararam que farão sua primeira viagem oficial à capital tcheca, onde se encontrarão com Vaclav Klaus, responsável com Meciar pela pacífica divisão da Tchecoslováquia em 1993. Tanto Meciar como Gasparovic, no entanto, assistiram de perto o distanciamento de seu país das instituições comunitárias e euro-atlânticas durante os anos noventa, quando ocorreram sérias quebras das regras democráticas internas e uma inundação de críticas da comunidade ocidental, inclusive do Conselho da Europa.

O antigo chefe do Estado eslovaco Michal Kovac reagiu à delicada nova conjuntura internacional iniciada com as eleições de hoje pedindo publicamente a Meciar que renuncie a seu mandato presidencial caso seja o vencedor. Kovac não escondeu esta semana suas preferências políticas, e pediu que o beneficiário dessa hipotética renúncia de Meciar fosse o ministro de Assuntos Exteriores, Eduard Kukan, que saiu derrotado do primeiro turno em 3 de abril.

Kovac também sofreu os atropelos do "caudilho" Meciar, quando em 1995 seu filho foi seqüestrado e abandonado bêbado na Áustria por agentes dos serviços de inteligência, no comando então do controvertido político Ivan Lexa. Meciar concedeu a anistia aos condenados por esse crime quando ocupou a presidência interina do país em 1998, depois que o mandato presidencial de Kovac venceu e o Parlamento se mostrou incapaz de encontrar um sucessor.

Além do dilema internacional, espera-se agora uma etapa de obstrução ao Governo de coalizão reformista de Mikulas Dzurinda, que tirou Meciar do poder em 1998 e foi um dos artífices dos avanços do país desde aquele ano. Dzurinda, que presidida a governante União Democristãs (SDKU), forjou então uma ampla coalizão ao longo de todo o espectro político, aproveitando-se da falta de aliados do carismático líder, distanciado hoje de quase todos os dissidentes eslovacos que fizeram a transição.

Seja qual for o vencedor da votação de hoje, começa uma série de obstáculos para a atual coalizão governamental, enquanto a incorporação da jovem democracia eslovaca na UE e na Otan também deverá ser uma das principais pauta para os políticos. Está prevista uma firme oposição presidencial às medidas de reforma que o atual Governo iniciou em âmbito fiscal, de contratação e apoio ao desemprego, destinadas a tornar o país uma espécie de panacéia para os investidores, e que ainda prosseguirão nos campos da Saúde e Educação, entre outros.

O dia de hoje não poderá ser uma reedição daquele 29 de maio de 1999, quando em um segundo turno se enfrentaram Meciar e o atual presidente, Rudolf Schuster, que se saiu vitorioso graças à oposição generalizada ao "Meciarismo". Gasparovic tentará se beneficiar dessa oposição ainda latente a seu controvertido adversário, embora nem ele mesmo suscite a confiança da maioria do eleitorado, como demonstrou o baixo comparecimento às urnas.




Fonte: EFE

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