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Nacional
Quarta - 14 de Abril de 2004 às 18:41
Por: Ricardo Mignone

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O secretário da Segurança do Rio, Anthony Garotinho, afirmou nesta quarta-feira que não houve nenhum impasse com o governo federal sobre o envio das Forças Armadas para combater o crime.

Garotinho acusou setores da imprensa de "editorializarem" as declarações, tanto dele como do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e criarem um "falso clima de desarmonia".

"Não houve nenhum impasse porque o governo federal, com seriedade, ofereceu tropas e o governo do Rio, com seriedade, aceitou o oferecimento. Tudo foi feito em clima de respeito e entendimento. Não houve, em momento nenhum, nenhum tipo de ironia", disse.

Desde a última sexta-feira, disputas por pontos-de-venda drogas na favela da Rocinha resultaram em dez mortes. Após os confrontos, Thomaz Bastos determinou o envio ao Rio do secretário Nacional de Segurança Pública Luiz Fernando Corrêa, para discutir medidas de combate à violência e cogitou a possibilidade do uso das Forças Armadas.

Garotinho, que participou em Brasília da reunião do colégio nacional de secretários da Segurança Pública com Thomaz Bastos, também se reuniu em separado, rapidamente, com o ministro.

O envio ou não das Forças Armadas ao Rio ainda será decidido pelo governo federal.

Forças Armadas

Garotinho não soube explicar, nesta quarta-feira, se é favorável ou não ao envio das Forças Armadas ao Rio. Se por um lado ele entregou ao ministro o documento no qual pede no mínimo 4.000 homens entre pára-quedistas, forças especiais e fuzileiros navais para conter a violência, por outro, ele afirma que a situação no município está sob controle. Disse também que nunca foi favorável à intervenção do governo federal.

"Eu tenho minha opinião formada há muito tempo. As Forças Armadas têm uma função constitucional e só devem ser usadas nesta função ou em medida excepcionalíssima", afirmou.

O secretário afirmou que os confrontos ocorridos na região da Rocinha não teriam tanta repercussão se as mortes tivessem ocorrido em outras áreas do Estado. Desde a última sexta-feira, os tiroteios causaram as mortes de dois policiais, cinco supostos criminosos e outras três pessoas.

"Se esses três inocentes tivessem sido mortos na Baixada Fluminense não teria havido nada disso. Mas ocorreu na zona sul do Rio, ou seja, para os ricos há uma posição, para os pobres há outra."

Garotinho disse que o Rio aceitou a oferta de envio dos militares para que uma parcela da população não venha a acusar a governadora Rosinha Matheus (PMDB) de ter recusado a oferta. Ele diz que a governadora agiu com "inteligência" e "prudência".

Tropas nas ruas

Garotinho disse na terça-feira que, atendendo a uma "oferta" do governo federal, o Estado vai "aceitar" o envio de 4.000 homens das Forças Armadas para cercar e ocupar as principais favelas do Rio.

À noite, Bastos rechaçou a idéia e disse que, nos termos pedidos por Garotinho, a proposta "é manifestamente inatendível" e que as Forças Armadas não são "instrumento prêt-à-porter" (pronto para usar) que se possa pegar e levar sob a direção de autoridades estaduais.

Em reunião com o secretário nacional da Segurança, Luiz Fernando Corrêa, também nesta terça, no Rio, Garotinho leu um documento destinado ao governo federal, em que diz: "O governo do Estado do Rio de Janeiro decide aceitar a oferta de apoio da União, na cessão de parcela de suas forças militares, como forma de dividir responsabilidades no âmbito da segurança pública estadual".

No texto, Garotinho lista oito "áreas de conflito" da cidade nas quais os militares atuariam: Borel, complexo do Alemão, complexo de São Carlos, Dendê, Jacarezinho, Mangueira, complexo da Maré e Metral. A favela da Rocinha e o morro do Vidigal ficariam sob controle das polícias do Rio. Cerca de 1.300 policiais ocupam a Rocinha desde segunda-feira.

Em 2002 e em 2003, o Exército realizou atividades de policiamento no Rio. No período, uma série de ações criminosas foi registrada. Durante as eleições de 2002, 11 mil homens do Exército foram às ruas.

Solidariedade

O colégio nacional de secretários da Segurança Pública entregou nesta quarta-feira ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, moção de solidariedade ao secretário de Segurança do Rio.

"O colegiado resolve prestar solidariedade ao secretário de Segurança do Rio solicitando que o senhor ministro da Justiça preste todo o apoio técnico e operacional necessário dentro da ordem institucional e democrática para superar as atuais dificuldades, sendo imprescindível o tratamento exclusivamente profissional da questão."




Fonte: Folha Online /Brasilia

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