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Politica Brasil
Quarta - 07 de Abril de 2004 às 16:30
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Saiu da mesma boca as frases: "os governistas têm que apanhar nas ruas e nas urnas" e “alguns namoram com o perigo tentando desestabilizar o governo”. Em 2000, após duas semanas de José Dirceu ter dito a primeira frase, o então governador Mario Covas foi agredido a pedradas em São Paulo.

Três semanas atrás o mesmo José Dirceu disse a segunda frase em tom de ameaça, como se atentassem contra a governabilidade atual. Segundo ele, no dia certo “colocaria os pingos nos is”, explicando depois que dizia isto em relação ao Ministério Público. Agora a divulgação da fita, no horário nobre do Jornal Nacional, em pleno aniversário do golpe de 64, coroa o ato final da operação-abafa do caso Waldomiro. Uma coincidência e tanto em meio aos empréstimos do BNDES à Globo, que petistas no passado adorariam usar como discurso.

Cinismo e falta vergonha na cara são as definições para aqueles que se empanturraram dos serviços do Ministério Público quando na oposição e, agora no governo, trabalham para calar-lhe a boca. Juntando-se a isto o impedimento da abertura de CPIs, orquestrado junto à Sarney, teremos bons estímulos para assessores waldomirianos.

Fica difícil também ouvir discursos de “conspiração” quando sabemos que o PT tentou de todas as formas derrubar governantes no passado. Sindicatos e grevistas foram utilizados como massa de manobra para atacar os governantes da hora - e eles o fizeram até com paus e pedras. ”Fora Sarney”, “Fora FHC” e tantos “Foras mais” também contra prefeitos e governadores, eleitos pelo voto, foram utilizados a torto e a direita em todos os cantos do Brasil e, que fique bem claro, essa oposição não era feita objetivando fiscalizar os governantes do momento, seus discursos eram de “Fora alguém”, para tirar governantes do poder. Agora vem acusar alguém de conspiração! Tenham paciência! Alguém falou “Fora Lula”? Pelo contrário! O slogan da oposição atual é “Governa Lula”, para que ele prove sua competência, se é que a tem.

Vale também lembrar que, nas ondas de acusação de tentativa de conspiração, feitas contra o então subprocurador da República Santoro, os membros do atual governo não são vestais na utilização do MP para a desestabilização de governos. Luiz Francisco de Souza, ex-filiado ao PT, claramente auxiliou seu “ex-partido” em situações passadas, como no caso em que atuou para que se apreendessem fitas do nebuloso caso Santo André, para não atrapalhar a campanha de Lula. Segundo a revista Veja, Luiz Francisco era uma “usina de denúncias” contra o governo tucano, proferindo sentenças condenatórias em redes de TV a partir de meras denúncias, viessem de onde viessem, que nem sempre foram comprovadas posteriormente, mas que já tinham tido a função esperada, destruir reputações independente de culpa. Santoro se excedeu, não resta dúvida, mas ele tentou legalizar uma prova de um delito realmente cometido. Notem bem, existiu delito! Vem agora o governo tentar encobrir este “detalhe” cometido pelo Waldomiro e demonizar o Ministério Publico?

Existiu exagero? Pode ser, mas isto ocorre porque o PT há muito tempo vem politizando e partidarizando as instituições públicas, várias, não só o Ministério Público. Agora, que o calo é dela, pretende reverter a situação. A oposição atual age seguindo o modelo petista, de caça às bruxas. Cabe ao PT provar sua honestidade. Se tiver base moral suportará qualquer acusação como se lhe atirassem flores. Que desminta a suspeita que todas as pessoas de bom senso têm: é absurdo, com toda a proximidade com Waldomiro, que José Dirceu não sabia de nada!

* Adriana Vandoni Curvo escreve para o Reporter News.




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