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Saúde
Segunda - 26 de Maio de 2014 às 08:14

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Na série Pedra no Caminho, você vai ver que Wanessa quase precisou interromper a gestação. Fabrícia conta como enfrentou a perda de cabelo.

“Eu já estava ciente disso, que o cabelo realmente iria cair, por isso eu cortei ele antes. Mas eu pensava que ia demorar um pouco mais pra cair assim do jeito que está caindo”, contou Fabrícia.

Drauzio: Essa modificação na aparência física, que consequências traz para o dia a dia?

Maria Carolina Brando, psico-oncologista: Elas começam a se isolar. Elas não querem encontrar os amigos da sua roda, da sua rotina. Muitas comentam que não ficam sem lenço ou a peruca na frente do próprio companheiro, do próprio marido.

A dor que o diagnóstico de câncer provoca é agravada pela mudança da imagem - o inchaço do rosto, a queda dos cabelos e até das sobrancelhas abalam a autoestima da mulher. As transformações da aparência fazem parte do tratamento, do processo de cura. E o mais importante: são temporárias.

Como a quimioterapia ataca as células que se multiplicam mais depressa, destrói também as que estão na raiz do cabelo, responsáveis pelo crescimento dos fios. Assim que o tratamento termina, elas voltam a se multiplicar, e o cabelo renasce; até mais forte do que antes.

“Nem precisa fazer esforço nenhum, já vai caindo tudo. Não é uma sensação agradável”, contou Fabrícia.

“Eu senti que ele começou a cair muito e eu passei a máquina zero. Aí fiquei carequinha, carequinha”, disse Wanessa.

Em Curitiba, Wanessa também passou pela mesma situação que Fabrícia. Mas agora é a segunda vez.

Wanessa descobriu o tumor com apenas 19 anos. Fez todo o tratamento, começou a trabalhar, conheceu o Bruno e imaginou que, depois do câncer, jamais engravidaria. Mas teve uma surpresa.

“Falei ‘Bruno, a minha menstruação está atrasada’. Daí, ‘ah, você está grávida!’, ‘não estou grávida, Bruno. Não tem lógica estar grávida’”, relembrou Wanessa.

Mulheres tratadas de câncer de mama podem, sim, engravidar. E também amamentar. Mas junto com a gravidez de Wanessa, outra surpresa. Na primeira consulta de pré-natal, ela mostrou ao médico uma ferida extensa no mesmo seio afetado 11 anos antes. A doença tinha voltado, de forma agressiva. A vida da mãe corria perigo.

“Ele pegou e falou assim: ‘a gente vai ter que interromper a sua gestação porque a quimioterapia e a gestação não vão dar certo’”, contou Wanessa.

“Daí eu falei pra ele: ‘tem certeza que eu preciso mesmo fazer isso?’ Ele falou assim: ‘a gente precisa salvar a tua vida’. Uma doença tão ruim. E ao mesmo tempo uma alegria tão grande. Tipo estar num estado de graça e lidar com a vida e a morte”, relembrou a manicure.

Ela chegou a se internar para fazer o aborto. Mas pouco antes da cirurgia, o ultrassom mostrou que a gravidez já tinha oito semanas. Se aguardasse mais um mês, haveria esperança.

“Nesses casos, você tem que esperar 12 semanas para esperar a maturidade fetal”, explicou a oncologista João Carlos Simões.

Wanessa poderia realizar o sonho de ter uma menina.

“Saber que não ia ser interrompido era a melhor notícia da minha vida”, confessou Wanessa.

O tratamento será concluído depois que a criança nascer. A preocupação de Wanessa é com os efeitos colaterais.

As drogas que a mãe recebe através da corrente sanguínea também atingem o feto. Mas as células dele são jovens e se recuperam rapidamente. Não há risco de malformação.

No último exame antes do parto, Wanessa manifesta as mesmas preocupações das mães de primeira viagem. E uma curiosidade a mais: “Dá pra ver, se tem cabelo ou não?”.

“Vocês estão com 36 semanas e quatro dias. O tamanho dela é de 35 semanas. Está superbem, a placenta está normal. Se tem cabelos? Tem bastante cabelo, Wanessa. Um monte! Cabelo na cabeça inteira”, respondeu a médica de Wanessa.

“Isso é a prova que a quimio não afeta nem o cabelo dela”, comemorou Wanessa.

Um dia antes do parto, Wanessa começou a ficar mais animada: “Acho que agora está caindo a ficha de estar aqui. A primeira vez que eu vim aqui foi pra me internar pra interromper a gestação e agora é pra ter a Laurinha! É muita felicidade!”

Drauzio: As mulheres normalmente têm muito medo da quimioterapia. E você grávida, teve mais medo ainda?

Wanessa: Com certeza. Eu tive medo com relação ao bebê. Não com relação a mim, porque eu já sabia o que eu ia passar.

Drauzio: Existe uma grande experiência na literatura de quimioterapia, em mulheres grávidas, com câncer de mama e sem nenhuma lesão pro feto quando a quimioterapia se inicia a partir do segundo trimestre.

No dia do parto, Wanessa admitiu estar ansiosa e com medo.

Drauzio: Tem alguma preocupação em saber se ela tem algum problema por causa do tratamento ou não?

Wanessa: Eu tenho. Vou ser bem sincera, tenho. Por mais que os médicos falem que não, a gente viu na ecografia que não, mas assim, enquanto eu não pegar no colo, ter certeza que é perfeitinha, acho que daí que eu vou ficar tranquila.

Como a quimioterapia pode acelerar o envelhecimento da placenta, os médicos decidiram antecipar a cesariana. Laura nasce com 47 centímetros e pesa 2,7 kg. É uma menina saudável.





Fonte: G1

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