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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Sábado - 02 de Agosto de 2014 às 17:27

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O aterro sanitário é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo que não causa danos à saúde pública e ao meio ambiente, minimizando os impactos ambientais. O método confina os resíduos em células, como se fossem buracos gigantes, que são cobertas com uma camada de argila. Entretanto, por falta de uma coleta seletiva efetiva, ele ainda recebe todo o lixo doméstico produzido na capital, inclusive o que poderia ser reciclado, e isso diminui a vida útil de cada célula.

Aterro Sanitário de Maceió tem duração de 20 anos (Foto: Jonathan Lins/G1)Aterro Sanitário de Maceió tem duração de 20 anos (Foto: Jonathan Lins/G1)

A criação do aterro atende à Lei 12.305/2010 que defende o fim dos lixões no país até este sábado, dia 2 de agosto. De acordo com uma estimativa no Ministério do Meio Ambiente (MMA), somente 10% dos municípios brasileiros concluíram seus planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos ou fazem parte de um plano intermunicipal, como prevê a legislação. Em Alagoas, apenas Maceió cumpriu a meta.

Inaugurado em 2010 no bairro do Benedito Bentes, na parte alta da cidade, o Centro de Resíduos Sólidos (CTR) ocupa uma área de 140 hectares, o equivalente a 130 campos de futebol, e recebe cerca de 57 mil toneladas de lixo por mês. A gestão do aterro é de responsabilidade do Grupo Estre Ambiental e fiscalizado diariamente pela prefeitura de Maceió.

"O aterro de Maceió é um dos mais modernos do país. Um dos poucos onde o chorume [líquido resultante da decomposição do lixo] não é jogado diretamente nos rios, mas transportado para uma rede de esgoto, neste caso vai para o Emissário Submarino, no Pontal da Barra, onde é tratado pela Casal [Companhia de Abastecimento de Alagoas]”, afirma o agente de fiscalização da Superintendência Municipal de Limpeza Urbana (Slum), Darci Ribeiro.

Mas mesmo com todo esse cuidado, o local não poderia absorver todos os resíduos sólidos produzidos pela população. A diretora de planejamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Eliana Melo, explica a preocupação. "O aterro de Maceió não deveria receber todo esse tipo de resíduo. Na verdade, se fossem cumpridas todas as normas, pouca coisa seria aterrada, apenas o que não é mais possível ser reciclado", afirma.

Lixo domiciliar é levado para as células onde é coberto como argila e depois compactado (Foto: Jonathan Lins/G1)Lixo domiciliar é levado para as células onde é coberto como argila e depois compactado (Foto: Jonathan Lins/G1)

Para incentivar a coleta seletiva, a prefeitura de Maceió diz que existe um projeto de estudo para a implantação e expansão da coleta na capital. "A previsão para a empresa fazer todo o levantamento é de 60 dias. Ela vai apontar os locais disponíveis para a realização da coleta e implantção de novo galpões. Com isso, vamos promover uma melhor e maior educação ambiental", afirma o superintendente da Slum, Gustavo Novais.

A engenheira civil e ambientalista sanitária Nélia Calado esclarece que, se o aterro estiver de acordo com as normas exigidas, o fato de receber o material que seria destinado à reciclagem não causa danos ao meio ambiente. Como não existe uma coleta seletiva efetiva, as células ficam cheias mais rapidamente e o lixo, que demoraria 30 anos para se decompor, vai levar 100. O lixo já deveria ser separado antes de ir para o aterro porque lá não há condições de fazer a separação”, afirma.

Como funciona o aterro sanitário
O diferencial do aterro de Maceió é que ele concentra, em uma única área, células equipadas para receber diferentes tipos de resíduos, como lixo doméstico, industrial, vegetal, entulho e até animais mortos. O projeto do aterro prevê a construção de cinco células para receber o lixo doméstico, o que equivale a 20 anos de vida útil. Uma delas já está operando e a segunda está sendo construída.

Chorume proviniente da decomposição do lixo é tratado e levado para o emissário submarino (Foto: Jonathan Lins/G1)Chorume proveniente da decomposição do lixo é tratado e levado para o emissário submarino (Foto: Jonathan Lins/G1)

O fundo e os lados das células são vedados com duas camadas de telas impermeáveis de forma a evitar passagem das águas dos resíduos e prevenir contra a contaminação do solo e do lençol freático. O líquido que o lixo solta ao longo do tempo quando está dentro das células, o chorume, é drenado para as piscinas, tratado e transportado para estações de tratamento de esgoto.

O processo de decomposição dos resíduos nos aterros gera biogás, que é captado e drenado através de tubos perfurados instalados desde o fundo até ao topo da célula. Este gás é queimado em equipamento especial e espera-se que, futuramente, seja aproveitado como fonte de energia.

Podas de plantas se transformam em adubo natural (Foto: Jonathan Lins/G1)Podas de plantas se transformam em adubo natural (Foto: Jonathan Lins/G1)

Na área para compostagem, todo o material resultante da poda de árvores é triturado e depois colocado para a compostagem, que é um processo biológico onde os microorganismos convertem a parte orgânica dos resíduos em um material estável, os humos, conhecido como composto, que pode ser aplicado no solo, funcionando como fertilizante natural. O composto promove a melhoria das condições do solo em termos de estrutura, porosidade, fertilidade e capacidade de retenção de água.

Há ainda a área denominada Britador, que recebe todo o tipo de entulho proveniente da construção civil. Lá ele é tratado e vira areia ou brita, que é doada para secretarias da prefeitura ou para outros municípios. Para compensar o que foi desmatado no local, existe um viveiro dentro do aterro com todas as plantas nativas que foram retiradas para a sua construção.

Plantas retiradas da construção do aterro são colocadas em um viveiro e replantadas no entorno do aterro (Foto: Jonathan Lins/G1)Plantas retiradas da construção do aterro são colocadas em um viveiro e replantadas no entorno do aterro (Foto: Jonathan Lins/G1)

"Todas as plantas são transformadas em mudas e plantadas dentro do nosso viveiro e no entorno do aterro. Nós temos um compromisso de replantar 26 mil mudas para compensar a retirada das árvores. Além disso, dentro do viveiro, há duas fontes com peixes pequenos, a água vem de poço e isso comprova que o lençol freático não está sendo poluído", afirma Darci Ribeiro.

População x aterro sanitário
Apesar dos inegáveis benefícios à sociedade, os moradores da região no entorno do aterro sanitário dizem sofrer há quatro anos, desde que ele foi inaugurado, com um forte odor intermitente. Representantes da Associação dos Moradores do Loteamento Gurguri e Guaxuma acompanharam todo o processo de implantação do aterro e dizem que a escolha do local não é adequada.

“No início da manhã ou quando chove sentimos um cheiro muito forte de lixo. [O odor] vem do aterro, sem dúvida alguma. Antes da implantação não sentíamos nada. Depois que todas as células forem implantadas, vai ficar bem próximo à praia o que pode contaminar. Fora que essa área do Litoral Norte é uma área de expansão urbana. Esse aterro deveria ser mais fiscalizado pelo poder público porque é algo muito sério”, afirma o presidente da associação, Andreas Krell.

Material que pode ser reciclado é misturado ao lixo domiciliar que vai direto para o aterro sanitário (Foto: Ascom/AMA)Caminhão de lixo pode ser o motivo do mau cheiro na região, afirma prefeitura (Foto: Ascom/AMA)

Krell diz ainda que é possível fazer um estudo do ar na região que pode comprovar ou não se o cheiro ruim vem do aterro. “Não sei o que eles fazem lá [no aterro], mas o que sei é que não é normal sentirmos esse cheiro”, afirma.

A prefeitura de Maceió se defende e diz que é pouco provável que o cheiro ruim venha do aterro sanitário. “O local fica afastado das casas. O que pode acontecer é que o cheiro forte venha dos caminhões de lixo que passam pelas casas. Mas é pouco provável porque o aterro funciona dentro dos padrões exigidos e a prefeitura fiscaliza com rigor”, afirma o superintendente da Slum, Gustavo Novais.





Fonte: Do G1 AL

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