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Economia
Segunda - 23 de Março de 2015 às 21:45

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A crise econômica brasileira, com a queda do Produto Interno Bruto (PIB), o ajuste fiscal, a baixa na confiança da indústria e o aumento de tributos e impostos, pode e tem preocupado o mercado interno. Mas os empreendedores e investidores estrangeiros, inclusive aqueles que chegaram ao Brasil há poucos anos, animados com as oportunidades do País quando a capa da revista britânica "The Economist" mostrava o Cristo Redentor decolando do Corcovado, garantem que os desafios e as dificuldades da economia do País não são motivos para colocar o pé no freio. 


No início do ano, a estimativa feita por analistas e investidores do mercado para o fechamento dos valores relativos à entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil em 2014 era de US$ 60 bilhões. E os empresários confirmam: embora a euforia dos investidores tenha passado, o mercado brasileiro ainda é bastante atrativo aos investidores.

O alemão Malte Huffman, que chegou ao Brasil em 2010 para fundar a Dafiti, um dos principais e-commerces de moda do País, afirma: "Chegamos ao Brasil no momento certo. Se chegássemos este ano, as coisas poderiam ser diferentes."

Segundo o empreendedor, no atual cenário econômico brasileiro, poderia ser mais difícil atrair o investimento estrangeiro que a empresa atraiu há cinco anos. "Naquela época se falava muito do Brasil, 2010 foi o ano de pico. Essa foi uma das razões que me fez vir para cá. Nesse bom momento do Brasil a gente adquiriu muitos investidores que estavam de olho no nosso negócio e no mercado", explica.

Ainda assim, Huffman garante que, pelo grande número de consumidores no País, abriria a empresa no Brasil num momento como este. "Eu acho que a gente tem chance de surpresas positivas ainda este ano. O time econômico do governo pode ser uma surpresa positiva, com medidas que possam ajudar a surpreender positivamente em 2015", afirma.

Segundo o empresário, a Dafiti, que nas últimas semanas lançou sua primeira instalação física (uma loja-conceito da marca),além da marca e da coleção de moda própria, deve continuar apostando no mercado brasileiro. "O e-commerce no Brasil ainda tem muito a avançar. O setor cresceu 20% no ano passado. Mesmo com o cenário macroeconômico menos favorável, as expectativas são positivas."


Stefan Rehm, de 28 anos, é alemão e chegou ao Brasil em 2012 para abrir um escritório de um fundo de investimento alemão em conjunto com outro fundo, o Project-A Ventures. Ele lançou algumas startups nesse processo, como a Natue e a Evino, antes de fundar, em 2014, a Intelipost, empresa de software de logística

O empresário conta que, quando desembarcou no País, os investidores viviam um clima de "corrida ao pote de ouro" no Brasil. "Quando a gente chegou, a situação estava melhor, a euforia dos investidores estava presente.O País tem todas os ingredientes básicos pra andar bem, como um povo legal e economia e população grandes. A euforia passou por causa da política. Hoje, temos mais dificuldade de atrair capital e investimento", explica.

O principal motivo, segundo Rehm, é a falta de confiança dos investidores. "É um problema de confiança. Todo mundo está olhando o que os outros estão fazendo, e quando todo mundo faz isso, todo mundo só olha e ninguém faz. Estão todos esperando uma boa noticia do mercado para agir", afirma.

A estabilização da câmbio é uma das mudanças que precisa acontecer, mas Rehm diz que não dá para saber quando isso vai acontecer. "Acho que isso não vai mudar tão logo porque é mais do que só trocar o governo. Precisamos de um bom sinal, como o IPO de uma grande empresa. Com um bom sinal, os empresários vão ganhar confiança e investir mais."

A TestOut é uma empresa norte-americana que desenvolve cursos para formação, capacitação e certificação no segmento de tecnologia da informação. Até o início deste ano, a empresa investia apenas em países de lingua oficial inglesa. Quando decidiu investir em outros países, resolveu iniciar a expansão pelo Brasil. Roy Olsen, diretor de vendas da marca, garante que a crise não assustou.

"Nos Estados Unidos, em 2008, constatamos que a época da grande recessão foi uma época de crescimento para nós. Acreditamos que possa fazer a mesma coisa aqui. Em épocas de crise, as pessoas procuram investir em educação porque querem melhores empregos. Acho que isso que vai acontecer aqui", afirma.

A TestOut vem crescendo mais de 30% ao ano desde a crise de 2008. Olsen não divulga o aporte financeiro da empresa no Brasil, mas garante que não foi pequeno. "Só o investimento de traduzir os cursos, que são cursos muito complexos, já foi grande. O Brasil tem um mercado dinâmico, com muitas escolas técnicas que podem utilizar os nossos cursos", diz.

Luiz Sacco é o diretor-geral da empresa de meios de pagamento online SafetyPay. O negócio, que tem sede em Miami e começou a operação nos Estados Unidos em meados de 2008, atua desde 2010 no Brasil. Ele afirma que o momento pode ser de ajustes, mas que não é hora de frear investimentos.

"Toda empresa, quando decide vir para o Brasil, não olha só a situação. É preciso vislumbrar um mercado com potencial e olhar a longo prazo. Tínhamos um cenário diferente no fim de 2012, que já tinha desafios, mas a decisão de fazer o investimento é de um compromisso ao longo prazo: os problemas passam, a oportunidade prevalece", afirma.

Em situações de crise, diz, alguns ajustes são normais, mas que o momento não pode ser de paralisia. "Não estamos colocando o pé no freio. Vemos empresas ajustando projetos, mudando prioridades e avaliando se fazem investimentos antes ou depois. É preciso ter essa calibragem. Crise é para reflexão, não para paralisia."

Se já não tivesse feito isso em 2012, afirma o empresário, traria a empresa para o Brasil no atual cenário tranquilamente, principalmente pelo crescimento do mercado de e-commerce no País. "Governos vem e vão, o País amadurece. A crise é algo momentâneo e lá na frente vai ser equilibrado. No Brasil, você tem demanda para tudo", explica.

A empresa de soluções gráficas online Printi cresceu 190% em 2014. Para o alemão Mate Pencz, cofundador do negócio, o segredo da crise é saber observar as oportunidades.

"A oportunidade permanece. O País é grande, tem uma demanda existente. Quem consegue atendê-la consegue construir um bom negócio", diz Pencz.

Até a maré ruim que afeta grandes empresas gerar boas oportunidades para o empreendedor. "Esse tipo de clima tem potencial para muitas boas oportunidades. Muitas empresas captaram dívidas e agora estão mal de pernas. Isso é oportunidade para novas empresas entrarem no mercado e ampliarem os negócios."

Pencz acredita que a época de crise também gera oportunidade para a contratação de bons profissionais. "Vai ser um ano interessante, bom para o mercado em termos de contratação, porque muitos bons profissionais ficarão disponíveis no mercado. Quem tiver visão de longo prazo poderá contratar funcionários chaves", afirma.


O grupo norte-americano Bloomin’ Brands escolheu o vice-presidente de Operações do Outback Steakhouse, o peruano Manny Vegas, para ser o responsável pelo lançamento de uma nova cadeia de restaurantes, o Abbraccio. A primeira unidade foi inaugurada neste mês, no Shopping Vila Olímpia (zona sul de São Paulo), e faz parte da rede Carraba's, que começa a se internacionalizar pelo Brasil.

"Esse lançamento vem de um longo planejamento, o que nos indicou que há mercado no Brasil para uma nova proposta como a que desenvolvemos. Não temos dúvida de que vai dar certo e teremos um ótimo resultado", afirma Vegas.

Para abrir a primeira unidade foram investidos mais de R$ 5 milhões, mesma cifra que deve ser injetada na abertura da segunda unidade, que será inaugurada em 7 de abril, no Shopping Market Place (também na zona sul da capital).

"Para chegarmos à receita do pão que servimos no Abbraccio, demoramos 10 meses em testes. Queria algo perfeito e conseguimos." O executivo conta que o pão italiano da casa é utilizado na acolhida ao cliente. "Todo cliente, após ser recebido na entrada, segue para sua mesa e, na sequência, é servido de nosso pão italiano quentinho, fresquinho e uma jarra água natural. Pensamos nessa cortesia como forma de agradar e acolher a quem chega", diz Vegas.




Fonte: DO IG ECONOMIA

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