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Economia
Quinta - 02 de Abril de 2015 às 13:56

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RIO - As prateleiras estão cheias, o que costuma ser sinal de produtos encalhados, mas consumidores se espremem em filas, em busca de produtos. Diante desse cenário contraditório em lojas e supermercados às vésperas da Páscoa, é difícil prever qual lado da balança pesará mais no saldo final: vendas em queda, refletindo o ano fraco na economia brasileira, ou negócios prósperos, turbinados pelas compras de última hora. Enquanto a maioria dos especialistas prevê uma Semana Santa magra para o comércio, varejistas recorrem a promoções, com descontos de até 50%, para tentar garantir um final doce para o feriado que responde por quase metade das vendas anuais de chocolates.


Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC), divulgada no fim de março, indica o desfecho negativo como mais provável. Segundo o estudo, a Páscoa movimentará este ano R$ 2,6 bilhões no comércio no país, um recuo de 0,5% em relação a 2014, e a primeira queda no volume de vendas da data em onze anos. Varejistas, entretanto, acham que é cedo para prever resultados.

— A Páscoa está começando agora. Do início da semana até amanhã (hoje) serão dias decisivos. A nossa pré-Páscoa, que foi da Quarta-Feira de Cinzas até o início de março, atingiu a meta estipulada. Então, ainda é muito prematuro julgar se a Páscoa aconteceu ou não — ressalta Pietrangelo Leta, vice-presidente comercial da rede de supermercados Zona Sul.

O executivo diz que as metas de vendas de todos os produtos estão sendo batidas, com exceção do bacalhau, que ficou mais caro por causa do dólar alto.

— O perfil do consumidor ainda é de comprar em cima das datas. É um movimento parecido com o Natal. Ano passado, dezembro foi um mês de vendas razoáveis e quando chegou próximo ao Natal e ao Ano Novo houve uma aceleração. Esperamos o mesmo agora.

No Guanabara, a expectativa também está concentrada nos próximos dias. A rede de supermercados calcula que as vendas de ovos de chocolate cresceram de 10% a 12% neste ano, dentro da meta. Na segunda-feira, o supermercado cortou preços de pelo menos 60 produtos. O maior desconto, de 48%, foi no ovo Classic Nestlé de 200g, cujo valor passou dos R$ 38,50 da semana passada para R$ 19,99.

A receita para chamar atenção do consumidor é seguida por outras redes. O Extra promete cortar preços em até 35%, durante o saldão de Páscoa que começa hoje. Já o SuperPrix informa estar vendendo 30% acima do esperado, por causa de descontos de até 50%.

Nas ruas, a economia tem orientado a escolha dos consumidores nas compras de última hora.

— Nesta Páscoa não tive como escolher ovos grandes. Comprei ovinhos pequenos para os meus quatro sobrinhos — contou a aposentada Irene Ferreira, 63 anos, enquanto escolhia cestas de palha em uma loja da Saara.

— Recusei todos os amigos ocultos de ovos neste ano. Vou dar chocolate só para alguns parentes e professores do meu filho — contou Mariana Napoles, de 25 anos, enquanto aguardava na fila de uma filial da Cacau Show.

CENÁRIO ERA MAIS OTIMISTA

Fazer promoção na reta final da Páscoa não é novidade. Mas especialistas destacam que, este ano, os descontos começaram mais cedo do que o normal. Fábio Bentes, economista da CNC, ressalta que essa antecipação mostra o esforço do setor para se manter aquecido:

— Neste ano as promoções começaram bem mais cedo, no fim de semana anterior ao feriado. Isso aconteceu porque o varejo fez as encomendas de Páscoa num cenário mais otimista, em dezembro do ano passado, quando o dólar estava a R$ 2,65. Com a deterioração do mercado de trabalho, encarecimento do crédito, a demanda diminuiu, e o estoque ficou acima do desejado.

Roberto Kanter, professor da FGV e especialista em varejo, pondera que o peso da data para a indústria de chocolate também impulsiona os descontos. Para o setor, é melhor perder margem do que ficar com o produto encalhado.

Já Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/RJ, destaca que a concentração de promoções é influenciada pelo efeito salário, já que a Páscoa caiu no início do mês, coincidindo com o pagamento da maioria das pessoas. Há duas semanas, Braga fez uma pesquisa informal de preços, constatando inflação de até 16,5% dos ovos de chocolate. Agora, porém, a expectativa é que varejistas aproveitem o período de pagamentos para reduzir preços e impulsionar vendas.

— A gente vai ter um período de caça ao ovo. O consumidor que procurar promoções vai conseguir encontrar coisas baratas.





Fonte: O Globo

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