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Politica Brasil
Quarta - 14 de Setembro de 2016 às 16:47
Por: Veja.com/Marcela Mattos

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O deputado Silas Câmara (PSC-AM) (Jefferson Rudy/Agência Senado)
O deputado Silas Câmara (PSC-AM) (Jefferson Rudy/Agência Senado)

No dia 24 de julho, pouco antes do início das eleições deste ano, o deputado federal Silas Câmara (PRB-AM) embarcou em um jatinho rumo ao interior de Manaus para participar do comício de um amigo e candidato a prefeito. Na véspera, recorreu às redes sociais para anunciar a presença no evento e, de quebra, as suas pretensões políticas: “Sou pré-candidato a prefeito de Manaus e mantenho a minha postura de nunca abandonar os nossos irmãos do interior”, alardeou.

O ato político não teria nenhum destaque em relação às práticas dos demais candidatos, não fosse um detalhe: foi bancado com dinheiro público.

O avião fretado pelo candidato a prefeito custou 3.000 reais para a viagem, de ida e volta, entre Manaus e Autazes – distantes entre si pouco mais de 100 quilômetros. A nota foi apresentada à Câmara dos Deputados para reembolso.

Leia também: Quem são os candidatos à prefeitura de Manaus

Uma semana antes, também em um domingo, o deputado já havia fretado outra aeronave para participar de comícios. Dessa vez, o trajeto foi um pouco mais longo – e, por consequência, mais caro: a viagem aos municípios de Anori e Coari custou 9.000 reais. A conta foi novamente repassada à Câmara.

Deputados federais têm direito a uma cota mensal para cobrir custos como passagens, alimentação, telefone e divulgação do mandato. No caso dos parlamentares amazonenses, o valor reembolsável é de 43.198 reais por mês.

Apesar de não trazer restrições quanto ao uso das cotas durante a campanha, o ato que rege o uso do benefício é claro: determina que a verba deve ser destinada a custear gastos “exclusivamente” vinculados ao exercício da atividade parlamentar. Ou seja, não deveria ser utilizada para fins políticos ou partidários.

Questionado pela reportagem, Silas afirmou que pediu o reembolso porque a viagem teve também objetivos específicos do mandato, entre eles reuniões com representantes do setor pesqueiro antes do comício. “Logicamente, no horário da noite eu participei de reuniões politicas, mas não foi só isso. Tive vários assuntos referentes ao mandato”, afirmou. “Vários ministros vão para os estados trabalhar, de noite participam de atividades partidárias e ninguém acha ruim, ninguém fala nada. Eu estou careca de ver isso acontecer”, continuou, em um argumento confuso.

O candidato disse ainda não ver problema em aproveitar o uso de um avião pago com verba pública para fins pessoais. “Pior é estar na lista do petrolão, em meio a um monte de roubalheira”, disse. “A gente que trabalha com maior dificuldade, maior desespero, fica com saldo negativo no banco e paga consignado (…) se sente desestimulado.”

As dificuldades citadas pelo deputado, no entanto, em nada condizem com sua situação financeira. Silas Câmara é o candidato mais rico de Manaus: os bens, conforme dados apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral, somam 2,7 milhões de reais. Desse total, 550.000 reais são em espécie. Ele também figura entre os que receberam os mais polpudos investimentos para a disputa eleitoral: 500.000 reais, atrás apenas do adversário Marcelo Ramos (PR), que obteve 690.000 reais por meio de seu partido.


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