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Economia
Quinta - 09 de Julho de 2020 às 14:53
Por: Marianna Peres/Diário de Cuiabá

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A habitação é o segmento que vai concentrar a maior parte dos recursos das famílias, cerca de R$ 15,4 bilhões
A habitação é o segmento que vai concentrar a maior parte dos recursos das famílias, cerca de R$ 15,4 bilhões

O potencial de consumo das famílias mato-grossenses deve encolher cerca de 1,9% em 2020 em relação ao ano passado, passando de R$ 78,8 bilhões para R$ 77,3 bilhões.

Os dados constam do estudo IPC Maps 2020, especializado há mais de 25 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.

A projeção leva em conta a pandemia do novo coronavírus, que teve seu primeiro caso confirmado no País, em março.

Dos R$ 77,3 bilhões projetados ao Estado, R$ 69,09 bilhões virão da população urbana e outros R$ 8,22 bilhões da população rural.

A maior parte do valor previsto de gastos dos mato-grossenses durante o ano – com a manutenção da casa até itens como lazer, saúde e transporte – virá da faixa da população inserida nas classes ‘B’ e ‘C’, que devem desembolsar neste ano R$ 28,9 bilhões e R$ 25,4 bilhões, respectivamente.

Se a estimativa se confirmar, essas faixas de consumo responderão, cada uma, por 41,9% e 36,9%, do total apontado para Mato Grosso.

O recorte do consumo no Estado – o 3º maior previsto no Centro-Oeste – para 2020 se concentra basicamente em quatro categorias, habitação, veículo próprio, alimentação e alimentação fora de casa.

A habitação é o segmento que vai concentrar a maior parte dos recursos das famílias, cerca de R$ 15,4 bilhões dos R$ 77,3 bilhões apontados pelo estudo.

Em segundo lugar está o veículo próprio, que deve receber R$ 11,3 bilhões, na sequência vem a alimentação, com R$ 6 bilhões e a alimentação fora de casa, que deve receber cerca de R$ 4,2 bilhões.

Dos dez municípios mato-grossenses concentram 56% do potencial de consumo do Estado: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Cáceres, Primavera do Leste e Barra do Garças.

Juntas, as dez cidades – incluindo a Capital mato-grossense – projetam gastar, no decorrer do ano, mais de R$ 43,66 bilhões.

Ainda considerando os 141 municípios, 14 deles têm potencialidade de gastos acima de R$ 1 bilhão, além dos dez já citados. Entram nesse rol Alta Floresta, Nova Mutum, Pontes e Lacerda e Campo Verde.

Cuiabá, com grande peso consumo urbano, deverá contabilizar R$ 15,73 bilhões de gastos em 2020 – menos que em 2019, R$ 16,5 bilhões -, a maior parte deles feita pela classe ‘C’, que é a que mais deverá canalizar gastos em habitação, veículo próprio e alimentação fora e dentro de casa.

A Capital é a única representante do Estado entre os 50 maiores municípios brasileiros.

CENÁRIO REGIONAL – O destaque vai para a região Centro-Oeste que, ampliou em 7,9% sua participação no consumo, respondendo por 8,86% dos gastos nacionais.

Encabeçando a lista, embora com pequenas contrações, aparecem o Sudeste com 48,42%, seguido pelo Nordeste, com 18,53%. A região Sul, que em 2019 tinha reduzido sua fatia, volta a subir para 17,97% e, por último, aparece a Norte, representando 6,23%.

NACIONAL - Com a pandemia do novo coronavírus, o consumo das famílias brasileiras ficará comprometido ao longo de 2020, se igualando aos patamares de 2010 e 2012, descartando a inflação e levando em conta apenas os acréscimos ano a ano.

A projeção é uma movimentação de cerca de R$ 4,46 trilhões na economia — um crescimento negativo de 5,39% em relação a 2019 —, a uma taxa também negativa do PIB de 5,89%.

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, esse crescimento negativo após a pandemia cria um efeito déjà-vu, já que a economia "retomará os índices dos últimos anos em que houve um progresso vigoroso".

O especialista ressalta que no início de março, antes desse cenário de pandemia e isolamento social, "a previsão do PIB para 2020, conforme o Boletim Focus do Banco Central, era de +2,17%, o que resultaria numa projeção do consumo brasileiro da ordem de R$ 4,9 trilhões, superando os R$ 4,7 trilhões obtidos no ano passado."

O levantamento aponta que, a exemplo de 2019, as capitais seguirão perdendo espaço no consumo, respondendo por 28,29% desse mercado. Enquanto isso, o interior avançará com 54,8%, bem como as regiões metropolitanas, cujo desempenho equivalerá a 16,9% neste ano.

DOMICÍLIO ‘A’ E ‘B1’- Esta edição do IPC Maps destaca, ainda, a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1, o que elevará o número de residências nos demais estratos sociais. Para Pazzini, "essa migração das primeiras classes impactará positivamente o consumo da classe B2, com uma vantagem de 6,8% sobre os valores de 2019", explica. As outras classes, por sua vez, terão queda nominal do potencial de consumo de 2,94% em relação a 2019.

O Brasil possui mais de 211,7 milhões de cidadãos, sendo 179,5 milhões só na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 23.091,50, contra os R$ 9.916,75 gastos individualmente pela população rural.

Como já citado, neste ano a classe B2 lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1 bilhão dos gastos. Junto à B1, estão presentes em 20,9% dos domicílios, sendo responsáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras.

Se para a classe média a migração da classe alta para os demais estratos é positiva, para quase metade dos domicílios (48,7%), caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475 trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019).

Já a classe D/E, que ocupa 28,3% das residências, consome cerca de R$ 437,9 bilhões (10,6%). Mais enxuto, em apenas 2,1% das famílias, o grupo A reduz seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8% contra 13,68% do ano passado).

O mesmo acontece na área rural que, embora no ano passado tivesse uma evolução significativa, neste ano perde de R$ 335,9 para R$ 319,6 bilhões.

CIDADES DE DESTAQUE - O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a 38,7%, ou R$ 1,75 trilhão, de tudo o que é consumido no território nacional.

No ranking dos municípios, os principais mercados permanecem sendo, São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a 3ª posição, deixando Belo Horizonte atrás. Já, Curitiba sobe para o 5º lugar, ultrapassando Salvador.

Na sequência, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia — esta em 10º —, ocupam os mesmos lugares de 2019.

Cidades metropolitanas ou interioranas como, Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (18º), São Bernardo do Campo (19º) e São José dos Campos (21º), no Estado paulista, São Gonçalo (16º) e Duque de Caxias (24º), no Rio de Janeiro, bem como as capitais Belém (14º), Campo Grande (15º) e São Luís (17º) também se sobressaem nessa seleção.

A pesquisa IPC Maps detalha, ainda, onde os consumidores gastam sua renda. Dessa forma, os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os demais, conforme a seguir: 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,1% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc); 14,1% vão para alimentação (no domicílio e fora); 13,1% a transportes e veículo próprio; 6,6% são medicamentos e saúde; 3,7% materiais de construção; 3,4% educação; 3,4% vestuário e calçados; 3,3% recreação, cultura e viagens; 3,3% em higiene pessoal; 1,5% eletroeletrônicos; 1,5% móveis e artigos do lar; 1,1% bebidas; 0,5% para artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.

Em crescimento, a população de idosos supera a margem de 30 milhões em 2020. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128 milhões, o que representa 60,5% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria.

Já os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vem perdendo presença e somam 24,1 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem a média de 29,4 milhões.





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