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Saúde
Segunda - 14 de Fevereiro de 2022 às 11:21
Por: Otmar de Oliveira/Gazeta Digital

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Otmar de Oliveira

Mais de 1,5 milhão de doses da vacina contra a covid-19 não foram aplicadas em Mato Grosso. O dado consta no boletim especial de balanço de dois anos da pandemia feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O documento aponta ainda que desde o início da vacinação o número de doses contra a covid-19 recebidas por Mato Grosso, até o mês passado, foi de 6.841.217. Desse total, 6.213.894 foram distribuídas e 5.251.464 foram aplicadas.

Para pesquisadores, a diferença nos dados pode estar relacionada a diversas questões como recusa em receber as doses e até mesmo logística e sistema dos municípios. O que preocupa ainda é validade dessas doses, uma vez que não há dados públicos para a avaliação desse cenário.

No Estado, pouco mais de um ano do início da imunização contra a covid-19, 12 municípios ainda não alcançaram 50% do público-alvo total. E a situação é ainda pior quando avaliada apenas a população adulta, onde 65,2% das cidades matogrossenses não alcançaram nem 50% desse público, ou seja, 92 cidades figuram com a com essa baixa cobertura.

Levando em consideração as duas doses, a cobertura vacinal em Mato Grosso chegou a 65,91%. Percentual considerado baixo tendo em vista que o ideal é uma cobertura mínima acima de 80%.

Dados da Secretaria de Estado de Saúde apontam que 2.588.830 pessoas receberam a primeira dose da vacina no Estado. Já em relação à segunda dose, foram 2.208.672. A dose de reforço alcançou 507.067 pessoas.

O município com a menor cobertura vacinal em Mato Grosso, assim como o menor percentual de adultos imunizados, é Colniza (1.065 a noroeste de Cuiabá). O percentual da população adulta vacinada com as duas doses é de apenas 22,7 %.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que neste ano já são 782 casos de covid-19 notificados e 3 óbitos. Na cidade há 418 casos ativos da doença e 6 pessoas seguem internadas. Da população vacinável no município, que chega a 31.682 pessoas, apenas 31,7% estão imunizadas com as duas doses.

Outra cidade no ranking com o pior desempenho é Vila Rica (1.259 km a nordeste de Cuiabá), que vem registrando uma média de 12 novos casos de coronavírus por dia. No município, apenas 41,9% da população completou o esquema vacinal e, em relação aos adultos, só 30,6% estão imunizados.

Cotriguaçu (950 km ao noroeste de Cuiabá) também está com a cobertura baixa, 43,6%, e para adultos 30,7%. Prefeito da cidade, Olírio Oliveira dos Santos explica que a maior resistência está no público adulto, o que acaba interferindo na vacinação dos adolescentes e das crianças. “São pais que não se vacinaram e também não permitem a vacinação dos menores”.

Segundo ele, diversas estratégias foram pensadas para alcançar esse público, entre elas está uma parceria com o comércio da cidade para oferecer promoções e descontos para aqueles que completarem o esquema vacinal. Mas Olírio lembra que muitos do próprio comércio são contra a vacinação. “Às vezes, as pessoas pensam que interior é mais fácil, mas não é. A população é bem unida e muitas vezes defende algumas ideias fixas”.

O prefeito afirma ainda que uma das armas usadas na tentativa de convencer os resistentes é a diminuição de casos graves, mas ainda assim não tem sido suficiente. “Nós tivemos aumento nos casos, mas a grande parte é caso leve e isso é resultado da imunização”.

Prefeito de Juruena (880 km a noroeste de Cuiabá), Manoel Gontijo de Carvalho, que também está entre as cidades com o menor índice de vacinação, explica que a população não tem comparecido para a imunização, em especial para a segunda do dose. De acordo com ele, são feitas campanhas de conscientização sobre a importância da imunização e também para desmistificar o assunto, mas ainda assim tem sido complicada a abordagem.

Explica que, em alguns casos, a pessoa chegou a tomar a primeira dose, mas ao passar por algumas reações já previstas, desistiu da segunda. “É uma questão muito complicada e estamos fazendo de tudo”.

O município chegou a implantar decretos de obrigatoriedade e até mesmo conversar com empresas para exigirem a vacinação. “Teve gente que preferiu dar baixa na carteira a se vacinar”, afirmou.





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