Carnaval sem traumas
O Brasil tem o privilégio de promover o mais exuberante carnaval, renomado pela beleza dos desfiles, pela grande quantidade de pessoas mobilizadas para trabalhar na “indústria da alegria”, que atraem milhares de turistas todos os anos.
Ao ritmo de percursionistas, grupos de passistas marcam a cadência e a harmonia de suas evoluções. Todos os integrantes, empenhados num mesmo ardor, desfilam, com esmero, sua animação e alegria ao longo de 60 minutos. Realmente, é um espetáculo grandioso!
Hoje, por outro lado, não podemos negar que essa festa se tornou também um modo de extravasar desejos não encarados com tanta naturalidade pela sociedade fora desta época do ano. Muitos de nós, querendo viver momentos de alegria e prazer, lançamos mão das justificativas de uma liberdade provisória – talvez aspirando anestesiar frustrações ou carências – e avançamos decididos a passar por cima das barreiras do pudor.
Enredados por tantos atrativos, “pierrôs” e “colombinas” ficam anestesiados por apelos equivocados e, extasiados com a permissividade, consomem drogas, embebedam-se e praticam sexo sem regras – muitas vezes auxiliados pelo Estado, que disponibiliza dispositivos de contracepção para o público. O excesso é tamanho que, na quarta-feira de cinzas, ainda é possível encontrar pessoas pelas ruas que não conseguiram voltar para casa devido à embriaguez. Adultos e adolescentes perdem o sentido de responsabilidade e se lançam nas corredeiras do “vale tudo”.
Sabemos que não temos “sete vidas” assim como também não possuímos uma “tecla de retrocesso”, por meio da qual podemos corrigir os atos mal sucedidos. Acreditar que vale tudo pela emoção do sonho realizado pode levar muitos a desfazer os alicerces em que se baseia a nossa vida. Pois, de alguma maneira, as consequências de nossas opções certamente nos atingem, assim como também atingem as pessoas mais próximas. Estarmos conscientes dessa realidade nos ajuda a favorecer somente a comunhão de nossas verdadeiras alegrias com os demais.
Buscar oportunidades de realizar nossos sonhos e desejos é nosso direito, entretanto, descobrir como vivê-los de maneira saudável e duradoura é a atitude que precisa ser observada não apenas nos dias de grandes celebrações, mas a cada dia de nossa existência.
*Dado Moura é articulista e missionário da Comunidade Canção Nova
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