Quem ganha com invasões? Por que o Congresso insiste em política antiambientalista e anti-indigenista?
Quem se beneficia com a invasão de terras indígenas no Brasil? Quem são os verdadeiros invasores?
Mesmo diante da emergência climática que vivemos e com a preocupação global com nossas florestas e o clima, por que nossos parlamentares insistem em uma política antiambientalista e anti-indigenista?
Quem ganha com a aprovação de projetos de lei como o 2903/23, que agora corre no Senado? Por que dificultar a demarcação das terras indígenas quando essa é a medida do governo mais bem aceita pela população, de acordo com pesquisa da CNT?
Quem ganha com a aprovação de projetos de lei como o 2903/23, que agora corre no Senado?
Na última quarta-feira (14), o site de Olho nos Ruralistas lançou a segunda parte do dossiê "Os Invasores: parlamentares e seus financiadores possuem fazendas sobrepostas a terras indígenas".
Esta segunda parte do dossiê, produzida com o cruzamento de dados da base do Incra e das prestações de contas ao Tribunal Superior Eleitoral, mostra 42 políticos e seus familiares de primeiro grau que são titulares de imóveis rurais com sobreposições em terras indígenas, com o total de 96 mil hectares. Entre eles o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) e os deputados federais Newton Cardoso Júnior (MDB-MG) e Dilceu Sperafico (PP-PR). Além disso, o relatório revela o nome de 18 parlamentares que integram a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) financiados por empresários com sobreposições em TIs.
O financiamento dos invasores com propriedades sobrepostas a TIs soma R$ 5.313.843,44 e beneficiou 29 campanhas, à Presidência da República, governos estaduais, Congresso e Assembleias Legislativas. Entre elas, parlamentares que compõem a FPA, beneficiados com R$ 3.644.831,95.
O maior beneficiário da FPA foi o senador Jaime Bagattoli, do PL de Rondônia, que recebeu R$ 2,98 milhões em doação de Orlando Bagattoli, seu irmão e sócio, donos da Transportadora Giomila e da Fazenda São José, que se sobrepõe em 2.600 hectares à Terra Indígena Rio Omerê, que já está demarcada e homologada e abriga os povos akuntsu e kanoê.
O senador Bagattoli, do estado com a maior quantidade de Cadastros Ambientais Rurais sobrepostos a territórios indígenas no país, é um dos parlamentares que irão votar o PL 2309/23, antigo PL 490/2007, que legisla a tese do marco temporal e dificulta a demarcação das terras para povos indígenas no Brasil.
Não nos enganemos pensando que esses que propõem um genocídio legislado, não só contra os povos indígenas mas também contra o futuro e o presente das próximas gerações, não sabem as consequências de seus atos. Eles estão apenas preocupados e interessados em legislar por interesse próprio e continuar a ganhar com a violação de nossos direitos e com a venda de nossas vidas.
Txai Suruí é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia
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