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Opinião
Terça - 19 de Novembro de 2024 às 00:45
Por: Luciano Vacari

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A pouco menos de 1 ano, o governo do Estado do Pará surpreendeu a todos os envolvidos na cadeia de valor da carne bovina do Brasil ao lançar o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária de Bovídeos Paraenses e criar o Sistema Oficial de Rastreabilidade Bovídea Individual do Pará (SRBIPA).

Sua 1ª aparição já veio com toda a pompa e circunstância durante a Conferência Anual das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28, em Dubai/EA, e contou além da presença do Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, com os ministros Carlos Fávaro, do Ministério da Agricultura e do ministro Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, sem contar é claro com a audiência, instantânea, via mídia social, de milhões de pessoas mundo afora.

Criado pelo decreto estadual nº 3.533, de 27 de novembro de 2023, o programa tem como objetivo o desenvolvimento, a transparência e a integridade da pecuária paraense, tendo como pilar a rastreabilidade individual do 2º maior rebanho comercial do Brasil, através da garantia econômica, sanitária, fundiária e socioambiental das propriedades rurais e suas boiadas.

No momento do lançamento, quase que imediatamente começaram os murmurinhos de que seria um tiro n’água. Onde já viu? Não vai dar certo? Pra que isso? Essas e outras perguntas fizeram parte das notícias mais comentadas nos grupos de whatsapp, e para a decepção de alguns e surpresa de muitos, hoje, menos de 1 ano após seu lançamento o programa é uma realidade.


Tempos depois, em 19 de agosto de 2024, veio a portaria ADEPARA 3879, estabelecendo os procedimentos operacionais para o funcionamento do programa, trazendo como prazo final para a identificação de todos os animais do Estado o dia 31 de dezembro de 2026.

O que para muitos parecia impossível, se tornou um modelo para a pecuária nacional, onde o Estado cumpre seu papel de regulador em temas que não são consenso entre os participantes do setor. O Governo do Pará mostrou que, chegou o momento do Brasil dar um passo adiante no tema rastreabilidade individual, mostrando à todos os envolvidos no processo produtivo os caminhos que os animais fizeram até o abate, e garantindo ao consumidor a procedência daquele produto.

Sem dúvida alguma foi um golaço da equipe do governador Helder, que aproveitou o maior evento de sustentabilidade do mundo para dizer, sim estamos prontos, afinal timing é tudo!

Hoje, passado 01 ano, estamos vivendo mais uma COP, a de número 29, em Baku – capital do Azerbaijão, e a pergunta que todos os membros da comitiva brasileira vem fazendo é, o que vamos mostrar? E temos muito o que mostrar, afinal ninguém produz o volume de alimentos, fibras e energia que o Brasil produz preservando tanto. Somos sim o modelo de produção mais sustentável do planeta.

Mas temos que mostrar. E mais do que mostrar, dar garantias de que nossas métricas estão corretas.

Agora vamos pular um ano, e chegar em 2025. Alguns devem saber que o Brasil receberá a COP 30, na cidade de Belém, coincidência a parte, também no estado do Pará, e aqui fica uma pergunta, qual será o nosso legado? O que vamos mostrar aos olhos do mundo?

Até lá, o programa de rastreabilidade do Pará já estará maduro, e em pleno funcionamento. Mas e o Brasil? Temos pouco mais de 1 ano para construirmos esse caminho, e mostrar ao mundo o tamanho da nossa produção de carne bovina.

Temos tudo para fazermos da COP 30 inesquecível. Um evento mundial no meio da floresta amazônica, com seus ativos e personagens únicos. Parece que estamos prontos, mas precisamos encontrar a vontade política para tornar isso realidade, e não corrermos o risco de sermos anfitriões de uma COP sem legado.

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.



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