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Opinião
Domingo - 24 de Novembro de 2024 às 00:03
Por: Vanessa Kasy

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Falar em emagrecimento deixou de ter um caráter meramente estético para envolver questões ligadas à saúde pública. O cenário brasileiro apontou uma elevação de 12,2% para 26,8% na obesidade entre a população (IBGE, 2003-2019), com uma situação preocupante entre as mulheres, cujo índice subiu de 14,5% para 30,2% nesse período, enquanto a masculina ficou entre 9,6% para 22,8%.

No recorte local, Cuiabá está em 2º lugar no ranking entre as capitais com o maior percentual de pessoas obesas do país, o equivalente a 24% da população, conforme dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS, 2020). Então, você deve estar se perguntando o que vem gerando essa mudança no perfil populacional e quais as consequências disso.

Como profissional da área da saúde, que atende principalmente mulheres adultas, posso assegurar que a obesidade reflete uma mudança de hábitos que combinam questões muito nocivas à saúde, como tabagismo, sedentarismo, abuso de álcool, alimentação não equilibrada e super calórica, privação de sono, rotina estressante com excesso de fast food, frituras, doces e embutidos.

Por que as mulheres têm sido as mais afetadas? São vários motivos, dentre eles, podemos destacar a pressão social para alcançar um “corpo perfeito”, mas que não existe! A ideia de um padrão de beleza é justamente uma estratégia da indústria da beleza para gerar insatisfação permanente nas mulheres e assim estimular o consumo de inúmeros produtos e serviços.

Você deve estar se perguntando como reverter esse quadro. Primeiramente, temos que tratar o assunto com a devida importância, já que obesidade é fator de risco para doenças graves, como hipertensão arterial, diabetes e infarto do miocárdio. Falar em emagrecimento exige a conscientização por parte da população para mudança no estilo de vida.

Agora sobre as mulheres, outro ponto é que elas têm uma tendência a usar chicote consigo mesmas, o que prejudica muito o processo de emagrecimento e ainda favorece os segmentos que vendem resultados “fáceis”, mas que costumam prejudicar tanto a saúde física (efeito sanfona), quanto a emocional. Não sou contra o uso de medicamentos, por exemplo, mas eles precisam estar dentro de um contexto de reeducação alimentar.

O gerenciamento emocional é fundamental, porque é mais difícil conseguir emagrecer e se manter dentro daquele patamar esperado, sem cometer excessos, quando não observamos o que está por trás da nossa relação com os alimentos. Será que eles estão ali justamente para ajudar a elaborar emoções difíceis, como tristeza, inadequação, estresse, baixa autoestima e carências? O que a nossa alimentação pode dizer sobre nós?

A proposta inicialmente é não usar a comida como “válvula de escape” para as emoções, em vez de recorrer a ela em momentos de estresse, tristeza ou mesmo de felicidade, vamos trabalhar interiormente para buscar formas saudáveis de lidar com elas, desenvolver hábitos que incluem atividade física, meditação, hobbies como leitura, passeios na natureza e menos tempo de tela.

O mais importante nisso tudo é construir uma relação de amor consigo mesma, de autocuidado, para que as mudanças sejam feitas de forma gentis, respeitando os limites de cada pessoa. Não adianta ir a ferro e fogo, adotando dietas restritivas que são associadas a sofrimento, que geram inúmeros gatilhos emocionais, e que não são sustentáveis em longo prazo. Mesmo que resultem em emagrecimento rápido, podem levar à compulsão e ao ganho de peso outra vez.

Nesse sentido, muda-se a perspectiva em que emagrecer deixa de ser a meta principal para estar como resultado de uma transformação pessoal, uma mudança de vida. “Ah, mas eu nunca mais vou poder comer o que eu gosto?” Ao contrário, a alimentação balanceada não visa “cortar”, apenas incluir e equilibrar os alimentos ao longo do dia e da semana, assim, é possível comer tudo, mas de uma maneira adequada e sem excessos.

Trabalhar o tema emagrecimento com as mulheres requer uma técnica de acolhimento inclusive para quando elas cometem excessos, o que é normal. Precisamos enxergar a rigidez e a autopunição como sabotadores da reeducação alimentar que costumam minar a motivação e os resultados definitivos. Então, fica a proposta para elas: menos chicote e mais carinho consigo mesma!



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