A insegurança paulista
O momento violento que se vive no Estado de São Paulo é preocupante, exige resposta das autoridades, mas, principalmente, não é motivo para fazer “politicagem”. Nem tampouco, momento para o mau jornalismo. Lembram-se dos ataques contra a polícia em passado recente? O jornalismo, especialmente as rádios, tiveram um papel fundamental para a criação do “terrorismo” que assolou o Estado.
A boa noticia é que os gastos com segurança pública no Brasil cresceram. E foi aumentado em 14,05% entre 2010 e 2011, atingindo R$ 51,55 bilhões ao ano na soma dos Estados e União, valor divulgado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). As informações estão no 6.º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo fórum. Vinte e uma das 27 unidades da Federação investiram mais.
E, curiosamente, o Estado de São Paulo continua sendo o que mais investe em segurança pública no País. E ainda teve aumento real de 13,73% entre 2010 e 2011, correspondendo a R$ 12,3 bilhões no ano passado. Mato Grosso do Sul e Bahia ampliaram seus gastos com segurança em 37,7% e 30,81%, respectivamente, atingindo R$ 877,85 milhões e R$ 2,57 bilhões.
E, mais curioso ainda, as despesas da União recuaram em 21,26%, passando de R$ 7,2 bilhões em 2010 para R$ 5,7 bilhões em 2011. Piauí e Rio Grande do Sul também reduziram as verbas da pasta em 17,89% e 28,42%, destinando, respectivamente, R$ 239,77 milhões e R$ 1,88 bilhão.
E qual foi o resultado que nos traz a imprensa? O número de homicídios dolosos caiu no Estado de São Paulo, de 4.321 em 2010 para 4.194 em 2011, queda de 3,7%, e que representou uma queda de 10,5 para 10,1 assassinatos por 100 mil habitantes. É a taxa mais baixa no país. Já Alagoas é o que teve as taxas mais altas de homicídios, 74,5 por 100 mil habitantes. Depois, vem o Espírito Santo índice de 44,8, e Paraíba, 43,1.
Como vemos, São Paulo é a que melhor se encontra no país, melhor até que muitas cidades nos Estados Unidos. Apesar disso, há especialista que aconselha as autoridades paulistas buscarem apoio na “inteligência federal”. Muito estranha observação como veremos.
Além do governo da presidente Dilma Rousseff ter diminuído em 21% os investimentos na área de segurança, a segunda maior redução foi justamente da área de informação e inteligência, de 58%. Sendo que no ano passado, a União investiu somente R$ 37,7 milhões em inteligência. Para um orçamento de 5 bilhões, inteligência parece-me merecer algo mais significativo além dos 37 milhões.
A dona Dilma segue o mesmo “modus operandi” do Lula, querer ensinar o “Pai Nosso” ao vigário. Será que alguém já esqueceu dos conselhos que andaram dando aos europeus e norte-americanos de como sair da crise? Como pode, uma nação como o Brasil, praticamente a quinta economia do planeta, gastar somente 5 bilhões enquanto o Estado de São Paulo gasta 12 bilhões? Seria de bom grado que os aliados da presidência aconselhassem o silêncio e o aumento de verbas para o setor como medida que soma.
*MARIO EUGENIO SATURNO é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
mariosaturno.blog.com
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