Indígena Paresi é eleito vereador em Tangará da Serra

A participação dos povos indígenas na política brasileira vem desde os tempos da gloriosa campanha do Xavante Mário Juruna, quando se candidatou e foi eleito deputado federal pelo PDT de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, em 1982, com 31 mil votos. Sua eleição foi saudada como o início da participação dos índios no Congresso Nacional.

Em Tangará da Serra não é diferente. O indígena, Genilson Pareci, foi eleito pela população tangaraense e indígena com 739 votos.

Para ele, essa conquista representa um marco, tanto na história da política tangaraense como para os povos Paresis. “Com 32 anos de emancipação política, Tangará recebe o primeiro vereador indígena, sendo também, o primeiro vereador deste povo que já habitava esta cidade antes mesmo da emancipação”, afirmou.

Genilson tem 27 anos, é coordenador de projetos e ações de saúde da Associação Halitinã, e há 11 anos é militante nas ações sociais voltadas para seu povo.

O vereador frisa que sua campanha foi baseada em orientações sobre o voto consciente. “Quem se corrompe, acaba contribuindo com a corrupção. Em nenhum momento menti com promessas nem pressionei o cidadão. Minha campanha foi extremamente voltada ao voto consciente, através de orientações, para que a população investigasse a vida de seus candidatos e seus antecedentes. Porque aqueles que são comprometidos em ações sociais e de bairros, serão comprometidos também com ações municipais”, frisou Genilson.

Em torno de sua campanha, foram desenvolvidas 45 reuniões nas aldeias indígenas, aproximadamente 40 reuniões comunitárias na cidade, 26 empresas visitadas, aproximadamente 17 reuniões em sítios e Joaquim do Bochi e Triângulo. Contudo, de acordo com Genilson, várias barreiras tiveram de ser ultrapassadas como o preconceito, discriminação, assuntos distorcidos (índio vai trabalhar para índio) e até mesmo o racismo.

“Vou abraçar a questão indígena também, mesmo porque, foi lá que eu nasci e que comecei minha militância em ações que realizei e realizo até hoje. Bato sempre na tecla da honestidade e humildade”, observou Genilson, ressaltando ainda alguns temas dos quais são de importância para seu pleito. “Primeiramente pretendo instituir políticas públicas específica para os povos indígenas com ênfase na integração, segundo lugar, o fortalecimento comunitário que está desestabilizado, como, associações de bairros onde os conselheiros tenham conhecimento básico das leis municipais e estaduais. Outro assunto que está esquecido em nossa cidade é com relação ao meio ambiente. É preciso fortalecer as políticas ambientais tanto na zona rural quanto na zona urbana, pois a cada ano que passa morre ou seca um córrego. Estes são alguns assuntos primordiais, mas dentre estes vem também a questão da saúde, que pode ser trabalhada de forma preventiva e não apenas curativa e sobre a educação, é um caso que poder trabalhado desde a existência de uma pessoa. Estes são alguns pontos dos quais é de interesse à população tangaraense”, informou.

Para seus eleitores, apoiadores e toda a população, o vereador deixa um recado: “Responsabilidade de um índio vereador em Tangará da Serra é que ele tem a mesma responsabilidade sobre o povo que ele pertence. Um mal trabalho reflete em todos os povos. Vamos mostrar a capacidade indígena, a capacidade de um povo inteiro”, concluiu.