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Meio Ambiente
Terça - 29 de Julho de 2008 às 01:44
Por: Edilson Almeida

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Mato Grosso já não está mais com o título de “vilão” do desmatamento da Amazônia. Pelo menos por um dia. A pesada honraria ambiental agora cabe ao Estado do Pará. Dados divulgados pelo Imazon, instituto de pesquisa não-governamental dedicado a estudar a floresta revela que o Pará foi o recordista de destruição da floresta em junho, respondendo por 63% da área perdida. Em seguida vieram Mato Grosso (12%), Roraima (11%) e Amazonas (10%). Os demais Estados da chamada Amazônia Legal contribuíram com cerca de 4% para o desmate total.

Contudo, a polêmica que envolve o Estado pode mudar. Os números apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, serão divulgados nesta terça-feira e devem ser comentados no mesmo dia pelo performático ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Os dados do INPE são considerados como oficiais pelo Governo Federal no tocante ao desmatamento da Amazônia.

O INPE usa como parâmetro o sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), costumam ser diferentes dos apurados pelo SAD, do Imazon. Isso ocorre, segundo Veríssimo, porque o Imazon computa em seus dados apenas o corte raso, em que toda a área é desmatada. Já o Inpe considera desmatamento a soma do corte raso com o das áreas degradadas, em que ainda há floresta, apesar dos danos.

Por exemplo, enquanto o INPE apontou desmatamento de 1.096 km² em maio e liderança do Mato Grosso entre os Estados que mais desmataram, o Imazon registrou desmatamento bem menor, 298 km², e o Pará como o que mais desmatou.

Pelo Imazon, o desmate do mês de junho foi 23% maior do que o registrado no mesmo período de 2007, de acordo com o Imazon. Isso representa um campo de futebol e meio por dia. Em junho do ano passado, a floresta perdeu 499 km², segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon. "Os dados mostram um desmatamento concentrado em regiões onde houve a expansão de novas fronteiras agrícolas", afirmou o pesquisador Adalberto Veríssimo, coordenador do Projeto Transparência Florestal do instituto.

Segundo Veríssimo, o desmatamento no Pará é mais facilmente percebido em três áreas distintas: às margens da rodovia BR-163 para uso da pecuária extensiva; à beira da rodovia Transamazônica, por assentamentos e propriedades de pequeno e médio portes, voltadas sobretudo à pecuária; e na região de Marabá. "Em Marabá, as árvores são arrancadas para a produção de carvão para alimentar a indústria de ferro gusa", afirmou.

Os dados do SAD também mostraram que a Amazônia perdeu 4.754 km² de floresta entre agosto do ano passado e junho deste ano, elevação de 9% na comparação com o acumulado entre agosto de 2006 e junho de 2007. "Podemos constatar que o desmatamento está crescendo, mas não a níveis estratosféricos", afirmou Veríssimo.

Ainda de acordo com os dados do Imazon, a maior parte do desmatamento registrado em junho ocorreu em áreas privadas, sob diversos estágios de posse ou devolutas: 68%. Depois vieram o desmatamento em assentamentos da reforma agrária e em unidades de conservação, com 18% e 10%respectivamente. A destruição de florestas em áreas indígenas respondeu por 3% do desmate em junho.

Segundo Veríssimo, apesar de haver nos dados reflexos da alta dos preços das commodities, sobretudo da cana-de-açúcar, o governo tem encontrado mais dificuldade em controlar o desmatamento especulativo, muitas vezes promovido "por pessoas que operam na ilegalidade". "A maneira mais eficiente de tomar conta da terra é desmatar, ainda que não se produza nada ali. Isso sinaliza que aquele pedaço de terra tem dono", explicou. "Muitas vezes, as pessoas desmatam essas terras na expectativa de vendê-las depois”.

Com Reuters





Fonte: 24 Horas News

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