Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Segunda - 17 de Dezembro de 2007 às 12:59
Por: Mirella D´Elia

    Imprimir


Em depoimento à Justiça Federal em Brasília nesta segunda-feira (17), o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), negou envolvimento com o esquema do mensalão. Ele responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Em agosto, o STF aceitou denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza contra todos os 40 acusados de envolvimento no esquema, em oito crimes, entre eles formação de quadrilha (pena de um a três anos), corrupção ativa e passiva (dois a 12 anos), lavagem de dinheiro (três a 10 anos) e falsidade ideológica (um a cinco anos).

Acusado de receber R$ 50 mil do empresário Marcos Valério para privilegiar a SMP&B na licitação para o contrato publicitário da Câmara em 2003, o deputado disse que não sabia de que privilégio se tratava. “Absolutamente, não é verdade. Eu não sei do que se trata. Preciso saber qual privilégio para poder responder”, disse ele à juíza Maria Fátima Costa, da 10ª Vara Federal Criminal, em Brasília.

João Paulo Cunha afirmou que “não tinha ascendência sobre a comissão licitatória”. E acrescentou que não houve recurso contra o resultado da licitação. A SMP&B venceu a concorrência em dezembro de 2003, quando o deputado presidia a Câmara. Segundo ele o contrato era de R$ 9 milhões.

O ex-presidente da Câmara negou ter usado a esposa para ocultar suposta participação no esquema. No depoimento, o parlamentar disse que a esposa Márcia Regina Cunha sacou R$ 50 mil em uma agência do Banco Rural, em Brasília, e entregou a ele um envelope com a quantia, depois repassada a um então funcionário em São Paulo.

“É um absurdo que querendo ocultar [minha participação] mandaria minha esposa que apresentou identidade e assinou recibo”, afirmou Cunha. O dinheiro, segundo João Paulo Cunha, era para pagar pesquisas eleitorais em quatro municípios de São Paulo. Ele disse acreditar que os recursos eram provenientes da direção nacional do PT.

O ex-presidente da Câmara admitiu também ter recebido o empresário na véspera do saque. Segundo ele, na visita, Marcos Valério foi cumprimentá-lo pelo sucesso da votação da reforma Previdência na Câmara dos Deputados, em setembro de 2003. “Se a visita do senhor Marcos Valério na residência oficial da presidência tivesse qualquer relação com isso, ele poderia ter entregado o dinheiro a mim”, disse.

O deputado também negou ter desviado R$ 252 mil em proveito próprio como consta na denúncia e também negou ter recebido, junto com o empresário Marcos Valério, R$ 536 mil do valerioduto, através da subcontratação de empresas de publicidade.

O depoimento de João Paulo Cunha durou cerca de duas horas. José Genoino (PT-SP) deve ser ouvido ainda nesta segunda-feira. Na terça-feira (18) devem prestar depoimento outros três parlamentares: Pedro Henry (PP-MT), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Paulo Rocha (PT-PA).

Escândalo

Maior escândalo do governo Lula, o mensalão provocou seqüelas não só no Palácio do Planalto como também na cúpula do PT. Considerado o principal articulador político da eleição de Lula, José Dirceu foi acusado de comandar o esquema e deixou a Casa Civil. Voltou à Câmara dos Deputados, mas teve o mandato cassado.

No PT, o mensalão provocou a saída de José Genoino da presidência do partido, de Delúbio Soares do cargo de tesoureiro e de Silvio Pereira da secretaria-geral.

Já na Câmara, a maioria não recebeu punição. Dos 18 parlamentares suspeitos de participação no esquema, 12 foram absolvidos, quatro renunciaram e três tiveram os mandatos cassados: Roberto Jefferson, autor das denúncias, e Pedro Corrêa (PP-PE), além de Dirceu.





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/193988/visualizar/