Proposta de terceiro mandato presidencial é "inadequada"

O desarquivamento, na Câmara dos Deputados, de Propostas de Emendas à Constituição (PECs) que tratam de reeleição nos poderes executivos e as especulações sobre a aprovação de mais uma reeleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou ministros do governo a descartar hoje (1º) as discussões dessas propostas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, depois de audiência pública no Senado, que essa colocação de um terceiro mandato no momento “é inadequada e extemporânea”. Segundo ele, não se coloca questão de sucessão presidencial para um governo que está “indo muito bem” e que tem mais de três anos de mandato pela frente.

Para o ministro da Fazenda, essa colocação é uma maneira de enfraquecer o governo e de prejudicar o presidente da República. “O presidente já anunciou que não tem nenhum interesse num terceiro mandato. Ele não estimula ninguém a fomentar propostas em relação ao terceiro mandato”.

Já o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que essa proposta é “um disparate total” e que ela não ajuda ninguém e, pelo contrário, prejudica o próprio presidente da República, que já se manifestou com muita clareza em relação à questão. “Acho que são comentários que não ajudam em nada o processo. Não ajudam o momento político e não ajudam o país a crescer. É uma discussão completamente fora de propósito”.

Para o líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), é uma proposta desmoralizada porque as principais lideranças do PT já se manifestaram contrárias. “O presidente Lula já se manifestou muito timidamente, mas já se manifestou. O PMDB, pelos seus principais líderes já disse que barra essa matéria, que se for levada à frente será barrada no Senado pelo DEM e pelo PSDB”, diz.

O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), voltou a se manifestar contra a proposta . “Acho isso um não fato. Não é meu papel julgar o que os outros propõem. Nesse caso, vou dizer mais uma vez que sou contra. Não vejo nenhuma possibilidade de que isso evolua. Sempre disse que o mais provável é que a gente acabe com a reeleição nos Executivos do que permitir mais uma reeleição”.