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Meio Ambiente
Quinta - 02 de Agosto de 2007 às 19:35

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O pesquisador coreano Woo-Suk Hwang cometeu uma das fraudes mais espetaculares da ciência em 2004 e 2005, ao afirmar (de forma mentirosa) que tinha criado células-tronco a partir de embriões humanos clonados. Mas parece que sua equipe realmente conseguiu, sem saber, um outro feito espetacular: derivar essas células diretamente de um óvulo não-fecundado. Trata-se do processo conhecido como partenôgenese, no qual o óvulo começa a se dividir e a dar origem a um embrião mesmo sem a ajuda de um espermatozóide.

Em 2004, quando Hwang e seus colegas da Universidade Nacional de Seul anunciaram que tinham produzido um embrião humano por meio da clonagem e obtido células-tronco, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo e com grande potencial terapêutico, a equipe ganhou manchetes no mundo todo. Dois anos depois, a pesquisa foi declarada fraudulenta por um comitê da própria universidade sul-coreana.

Obter células-tronco humanas por partenogênese é um objetivo antigo dos pesquisadores. Como a clonagem, o processo poderia trazer células com material genético compatível com o de uma pessoa -- no caso, a mulher doadora do óvulo. Isso ajudaria a estudar a biologia básica de várias doenças e, talves, a criar tecidos para transplantes. A primeira pesquisa a relatar células-tronco humanas obtidas por esse método saiu apenas no mês passado.

Mas, num artigo publicado na revista científica "Cell Stem Cell", uma equipe internacional de cientistas diz que Hwang e seus colegas realizaram esse feito na pesquisa por trás de um de seus artigos desacreditados, o de 2004. A certeza "é tão grande quanto é possível em biologia", disse um dos autores da nova análise, George Dailey, do Instituto de Células-Tronco de Harvard (EUA).

É que as células com partenôgenese deixam uma assinatura típica no DNA -- exatamente a mesma marcação presente nas células-tronco de Hwang. "É inconfundível", diz Daley. O curioso é que Hwang e seus colegas chegaram a levantar essa possibilidade na sua pesquisa original, mas a descartaram. Será que eles teriam se enganado honestamente? Ou estavam mentindo desde o começo?

"Nós simplesmente não sabemos, e essa é uma das questões curiosas e provocativas que podem ficar sem resposta na história desse fracasso", diz Daley.




Fonte: AP

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