13 anos depois, Wilson Santos e Jaime Campos se aproximam

Adversários ferrenhos no passado, fortes aliados políticos no presente. O prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB), de olho na reeleição, e o senador Jaime Campos, um dos principais caciques do DEM (ex-PFL), ignoraram as posições antagônicas e xingamentos mútuos do passado e selaram aliança que deve perdurar para os próximos pleitos. Ambos são virtuais candidatos a governador em 2010 e começam a se entender também nesse sentido.

As brigas de Santos e Jaime são históricas. O primeiro foi deputado estadual na década de 90 e fazia oposição ferrenha aos Campos, tanto em relação ao então governador Jaime (91/94) quanto ao então deputado federal e senador Júlio Campos, hoje conselheiro do Tribunal de Contas.

Em 15 de março de 94, por exemplo, Santos participava de uma sessão ordinária na Assembléia, enquanto Jaime comemorava, num seleto jantar-dançante, os três anos de seu governo. Da tribuna, o implacável e destemido deputado, apelidado de "Galinho" por causa do estilo polêmico, fazia ironia à festa promovida pelo governador. Lembrava a letra da música "Mexe-Mexe" da então dupla sertaneja Leandro e Leonardo, que dizia, por exemplo: "À meia-noite nada é proibido/ Mulher casada troca de marido/ O engraçadinho apaga a lampião/ E o amassa mamão fica mais divertido/ É um mexe, mexe/ Todo mundo apronta..."

À época, Jaime Campos ficou irritado com as provocações do seu então adversário. Santos teve uma série de outras investidas contra o governo Jaime. Pediu até abertura de CPI. Enquanto parlamentar, também "detonou" Júlio Campos. Em 98, ficou numa situação delicada quando o seu então PMDB resolveu apoiar Júlio para governador. Santos se opôs, inclusive em duro discurso nos palanques. As brigas motivaram processos. Todos, porém, foram arquivados.

Hoje, 13 anos depois, Jaime Campos, ex-prefeito de Várzea Grande por três mandatos, governador e senador, e Wilson Santos, ex-deputado estadual, federal e prefeito de Cuiabá, se comportam como aliados. O prefeito busca apoio dos democratas, controlados por Jaime. O senador, por sua vez, para atender ao pleito da irmã, a suplente Márcia Campos, entrou nas articulações, que devem resultar na transferência do vereador Deucimar Silva para alguma secretaria e, assim, abrir caminho para Márcia virar parlamentar. E assim continua a trajetória da maioria dos políticos. Eles se comportam como as nuvens, que constantemente mudam de lugar.