Berzoini diz que crítica de Chávez ao Congresso foi infeliz

O presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), disse em entrevista ao site do partido que a declaração do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre o Congresso brasileiro foi infeliz. Chávez disse que o Senado brasileiro agia "como um papagaio" do Congresso americano.

"É uma declaração infeliz e que não ajuda o próprio Chávez. Transformar as divergências reais sobre temas importantes em declarações folclóricas e superficiais não é uma boa política", disse Berzoini ao site do PT.

De acordo com o petista, o venezuelano deveria ser mais agradecido já que o Brasil apoiou Chávez na tentativa de golpe contra o presidente bolivariano. "O Brasil teve um papel fundamental no combate à tentativa de golpe contra Chávez e não deve aceitar essas declarações tolas de quem deveria agradecer ao nosso país pela solidariedade política."

Polêmica

Chávez disse ainda que que era mais fácil o Brasil voltar a ser colônia portuguesa do que o seu governo devolver a concessão ao canal oposicionista RCTV.

As declarações do presidente venezuelano foram em resposta a um requerimento aprovado pelo Senado anteontem à noite com um pedido para que o presidente venezuelano devolva a concessão ao canal oposicionista RCTV, que terminou no domingo e não foi renovada.

O Congresso brasileiro reagiu imediatamente às críticas de Chávez. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), chamou as declarações de Chávez de levianas e irresponsáveis. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o presidente da Venezuela vive "na contramão da democracia".

RCTV

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a não-renovação da concessão da RCTV pelo presidente venezuelano Hugo Chávez foi um ato tão democrático quanto seria a possível manutenção da concessão da emissora.

Em entrevista exclusiva à Folha (só para assinantes), Lula ressaltou que não dá para "ideologizar" o tema, pois o mesmo Estado que dá uma concessão é o mesmo que não dá.

"O Chávez teria praticado uma violência se tivesse, após o fracasso do golpe [contra o venezuelano em 2002], feito a intervenção na televisão", disse durante a entrevista, concedida ao colunista da Folha Clóvis Rossi, na embaixada brasileira em Berlim.