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Politica Brasil
Sábado - 09 de Junho de 2007 às 07:37
Por: Catarine Piccioni

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Em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia das ambulâncias, voltou a confirmar o envolvimento do deputado federal Pedro Henry (foto), do PP, com o esquema -- operado a partir do aliciamento de parlamentares para que apresentassem emendas ao Orçamento da União destinadas à compra de unidades móveis de saúde e equipamentos hospitalares adquiridos por prefeituras.

Ouvido através de carta precatória por cerca de três horas, Vedoin informou que, a título de pagamento de comissão, comprou e entregou ao parlamentar um veículo Blazer DLX, cor prata, ano 2001/2002, zero quilômetro, adquirido na concessionária Gramarca, em Várzea Grande, por R$ 48 mil. O veículo teria sido financiado em seu próprio nome, segundo Vedoin, que teria pago inclusive o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e até o seguro.

Vedoin sustentou que a Blazer foi uma comissão e não uma ajuda de campanha, conforme Henry justificara em defesa apresentada à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas no ano passado. Em 2001 e 2002, Henry teria direcionado recursos para a compra de unidades móveis de saúde da Planam na região oeste de Mato Grosso. Segundo Vedoin, o contato com os prefeitos para acertar as fraudes nas licitações teria sido realizado pelo próprio deputado, que teria devolvido o carro após usá-lo por alguns anos.

O empresário afirma ter conhecido o deputado em 2000. Ele diz que não chegou a fazer acordo de comissão fixa com o parlamentar, mas se comprometeu a ajudá-lo, sempre que necessário, em troca do direcionamento de licitações. Porém, Vedoin diz que acertou apenas a Blazer, enquanto seu pai, Darci Vedoin, pode ter acertado outros valores com o deputado.

Um amigo do parlamentar chamado Gilson dos Santos também teria recebido R$ 35 mil da Planam. Segundo Henry, o montante referia-se a um serviço de consultoria de engenharia prestado por Santos à empresa, em razão da construção de sua sede.

Envolvido no episódio do mensalão, Henry também teve o nome citado recentemente em um diálogo entre acusados da Operação Navalha por suposta facilidade para obter recursos. Ele nega todas as acusações. No caso dos sanguessugas, Henry afirma que todas as emendas ao Orçamento da União que direcionou à área de saúde "atestam, por si só, o mais absoluto distanciamento de qualquer ação duvidosa ou que possa induzir a suposições de conluio".

Dos parlamentares de Mato Grosso supostamente envolvidos com a máfia das ambulâncias, a PF já indiciou os ex-deputados Ricarte de Freitas (PTB), Lino Rossi (PP), Tetê Bezerra (PMDB) e Celcita Pinheiro (DEM) por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, conforme o Olhar Direto havia antecipado à época.

Wellington Fagundes (PR) e Henry ainda são investigados em inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal e conduzidos por uma força-tarefa da PF, em Brasília (DF). Reeleitos, ambos conseguiram manter o foro privilegiado. A polícia já indiciou mais da metade dos acusados pela CPMI dos Sanguessugas, que incriminou 67 deputados por ligação com o esquema de superfaturamento de ambulâncias.

A Operação Sanguessuga foi deflagrada pela PF em 4 de maio de 2006. Foram presas, na ocasião, 48 pessoas e cumpridos 53 mandados de busca e apreensão por 250 policiais. Todos foram soltos e respondem a processos em liberdade. Conforme estimativa inicial, mais de R$ 100 milhões foram desviados dos cofres públicos.





Fonte: Olhar Direto

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