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Cultura
Quarta - 10 de Janeiro de 2007 às 18:43

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A comunidade indígena Bóe-Bororo, de Tadarimana, foi uma das vencedoras do Prêmio Culturas Indígenas 2006 – Edição Ângelo Cretã. O evento é realizado anualmente pela Associação Guarani Tenonde Porã, de São Paulo, em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural. Anualmente, o prêmio é destinado às iniciativas culturais dos povos indígenas ocorridas nos últimos cinco anos e consideradas relevantes para o fortalecimento de suas expressões culturais. O objetivo é o fortalecimento das expressões culturais e a identidade cultural dos povos indígenas, contribuindo para a continuidade de suas tradições.

Para a Edição Ângelo Cretã, foram agraciadas 80 iniciativas culturais das 170 etnias que vivem no Brasil. Quinhentos e quarenta e seis trabalhos concorreram ao prêmio. Na região Centro-Oeste, 20 comunidades foram contempladas, dentre elas os Bóe-Bororo, de Rondonópolis; Bakairi, de Paranatinga; Manoki, de Tangará da Serra; e Nambikwara e Pareci; de Sapezal. Os Bóe-Bororo, de Rondonópolis receberam a terceira melhor pontuação da região Centro-Oeste (25,5 pontos), ficando à frente inclusive de vários povos do Xingu que são considerados os cartões de visita do indianismo brasileiro para o exterior.

Dança de Bóe-Bororo A iniciativa cultural vencedora dos índios de Rondonópolis foi a Dança Bóe-Bororo – prática das danças rituais para apresentação durante as cerimônias e também aos não índios, na cidade ou mesmo na aldeia. O objetivo da iniciativa é estimular os jovens indígenas a praticar com orgulho as suas danças, e levar a cultura desta etnia para que outras pessoas as valorizem, elevando, assim, a sua auto-estima. Segundo o coordenador da Escola Indígena de Tadarimana, Felix Rondon Adugoenaw, "quando são aplaudidos pelos brancos, os jovens não ficam com vergonha da dança Bororo e ficam orgulhosos de participar dela". Em 2006, a Dança Bóe-Bororo foi apresentada na Escola Estadual Araão Bezerra e em várias escolas municipais de Rondonópolis, sob a coordenação cultural de Raimundo Itogoga e Eduardo Kogue.

A participação do projeto no Prêmio Culturas Indígenas foi organizada pelo antropólogo e professor doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Paulo Augusto Mário Isaac e pela sua orientanda acadêmica Luzia Aparecida Gonçalves (UFMT). "Esta foi a primeira vez que participamos de um concurso nacional. Vencer é importante porque valoriza a cultura indígena e os próprios Bóe-Bororo. Além disso, coloca-os no cenário nacional e internacional, uma vez que o material será editado pelo Ministério da Cultura e distribuído para o mundo inteiro. É uma divulgação que pode abrir muitas portas para os nossos irmãos índios de Rondonópolis", afirma Paulo Isaac.

Premiação Os Bóe-Bororo receberão um prêmio de R$ 15 mil reais. A premiação será entregue em solenidade a ser realizada em Brasília. A data será definida brevemente pelo Ministério da Cultura.

Segundo o presidente da Associação Guarani Tenonde Porã, Dinarte Benites Guarani, as iniciativas vencedoras farão parte do Cadastro do Ministério da Cultura para fins de pesquisa, documentação e mapeamento da produção cultural indígena brasileira.

O representante dos Bóe-Bororo, de Rondonópolis, será convocado ainda neste mês para ir à Capital Federal receber o certificado e a premiação. De acordo com o regulamento, o dinheiro deverá ser aplicado na própria iniciativa cultural ou em outra que propicie resgate cultural. Segundo o cacique Moacir Coguiepa, há interesse da comunidade em utilizar esse recurso para "aperfeiçoar a apresentação da dança, ou seja, no replantio de palmeiras e árvores de onde são extraídos os materiais para pintura e, também, investir na recuperação da prática de produção de artesanato de cerâmica". "Muitas plantas estão escassas na área indígena de Tadarimana. Quanto à cerâmica, apenas uma mulher na aldeia central sabe fazer os potes conforme a cultura antiga", explica. O dinheiro, compelta ele, "servirá para desenvolvermos um projeto para ensinar outras pessoas a mexer com cerâmica, conforme as técnicas dos Bororos antigos".





Fonte: RMT-Online

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