Sanguessuga: para PF, nem todo prefeito ganhou propina

O delegado da Polícia Federal Cristiam Lages, encarregado de 30 inquéritos que investigam a compra superfaturada de ambulâncias por prefeituras de municípios de Mato Grosso no esquema dos sanguessugas, disse hoje que "a grande maioria dos prefeitos não recebeu propina" para direcionar a compra de unidades móveis de saúde para a Planam, empresa da família de Vedoin. Muitas vezes eles favoreciam a empresa apenas para poder contar com a ambulância, "o que já era um ganho político importante para eles", como explicou o delegado.

Durante quatro horas, o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos acusados de montar o esquema, prestou novo depoimento hoje à PF em Cuiabá. Vedoin explicou que nem sempre lidava com os prefeitos e as comissões de licitações das prefeituras, tarefa que ficava a cargo de outros empregados da Planam. Ainda assim, segundo o delegado Lages, Vedoin confirmou a participação de prefeitos no direcionamento das licitações.

O delegado deixou claro que havendo ou não propina, os prefeitos terão que responder criminalmente pelo beneficiamento à Planam. Na próxima semana, o delegado começará a ouvi-los. Ele ainda não definiu os crimes pelos quais irá indiciá-los.