Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sábado - 14 de Outubro de 2006 às 22:29

    Imprimir


O presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado que vai cortar "gastos supérfluos", mas sem privatizar nem promover uma contenção dos reajustes do funcionalismo público.

"Tudo o que for supérfluo vai ter que cortar, tudo o que a gente puder modernizar na máquina pública", disse Lula a jornalistas, na porta da residência oficial da Granja do Torto, onde parou para saudar militantes do PT no final da manhã.

"O salário dos servidores será negociado com os representantes dos trabalhadores como sempre ocorreu", acrescentou o candidato.

Na sexta-feira, o coordenador-geral da campanha, Marco Aurélio Garcia, havia falado em "corte gradual de gastos públicos" e destacou que não seria mais necessário "dar pinotes" nos vencimentos dos servidores.

Depois da entrevista de Lula, Marco Aurélio Garcia divulgou nota negando que tenha defendido a contenção dos reajustes.

"Os aumentos salariais prosseguirão e para isso o governo contará com recursos e com mecanismos de negociação que foram construídos no primeiro mandato do presidente Lula", diz a nota divulgada na página de Lula na Internet. "Procuram atribuir-me a defesa de uma política de contenção dos reajustes salariais dos servidores públicos nos próximos anos", dizia a nota de Garcia, que chamou de "falso" o noticiário a esse respeito.

Garcia é a segunda vítima da "batalha fiscal" entre as campanhas de Lula e do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, esta semana. Na quarta-feira, foi a vez do tucano corrigir e desautorizar um assessor, o economista Yoshiaki Nakano, que havia defendido cortes severos de gastos.

A discussão sobre ajuste fiscal cresceu na segunda semana do segundo turno, com acusações do PT ao PSDB por um suposto "projeto de demolição do Estado", e o conta-ataque dos tucanos, que acusam os adversários de gerar "uma onda de boatos, de mentiras" sobre privatização e corte de gastos sociais.

Em entrevista publicada quinta-feira pelo jornal "O Globo", Lula havia afirmado que o Brasil pode crescer sem necessidade de novos cortes, mas no dia seguinte o coordenador Garcia falou em cortes e em contenção de reajustes do funcionalismo público, uma área sensível do eleitorado.

"Eu acho uma coisa desproposital discutir salário do funcionalismo agora", tentou corrigir Lula neste sábado. "O funcionalismo público foi valorizado com reajustes salariais e reiniciamos a reestruturação dos planos de carreira."

Lula citou a economia, segundo ele de 1 bilhão de reais, proporcionada pelo censo de beneficiários da Previdência, como "exemplo" do modelo de redução de gastos públicos que pretende seguir.

PRIVATIZAÇÕES

No primeiro lance do debate sobre ajuste fiscal, na terça-feira, Garcia havia acusado Alckmin de propor "recessão e inoperância do Estado".

Garcia criticava o economista Yoshiaki Nakano que, entrevista à Reuters, defendera um corte de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro ano de governo do PSDB.

Alckmin desautorizou Nakano a falar em nome da campanha do PSDB e negou que vá privatizar estatais, se eleito. Acusou a campanha de Lula de ter criado a "Mentirobrás" para semear boatos e fazer "terrorismo eleitoral".

Neste sábado, Lula voltou a associar o PSDB à política de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e reclamou da reação dos tucanos.

"As críticas a mim podem, é tudo normal", queixou-se. "Mas eles não querem reconhecer que a única coisa que eles souberam fazer foi vender o patrimônio", disse. "Eu não estou inventando história, estou contando o que aconteceu no Brasil."

VESTIDOS

Lula teve de reconhecer, pessoalmente, que sua campanha errou ao divulgar texto criticando a mulher do candidato tucano, Lu Alckmin, por ter ganho vestidos caros de presente, e uma filha do adversário por trabalhar numa butique paulista investigada por suspeita de contrabando.

O texto, do dirigente petista Valter Pomar, foi publicado quinta-feira na página de Lula na Internet e retirado no fim do dia, com um pedido de desculpas assinado por Marco Aurélio Garcia.

"O PT cometeu um erro de que já foi vítima", admitiu Lula na porta da Granja do Torto. "Não podemos aceitar esta prática política."

Lula vai dedicar o fim de semana à gravação de programas para a propaganda na televisão, mas reservou a manhã de domingo para um encontro com reitores, num hotel de Brasília, que havia sido marcado inicialmente para quinta-feira.

Segunda-feira, o candidato-presidente retoma a agenda de comícios. Depois de gravar entrevista no Alvorada para o "Roda Viva", da TV Cultura, Lula viaja para Campina Grande (PB), Mossoró (RN) e Belém. Na terça, faz comícios em Manaus e no Rio.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/268520/visualizar/