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Politica Brasil
Terça - 03 de Outubro de 2006 às 09:04

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Os quase 100 homens que integram as equipes de resgate das vítimas da queda do Boeing 737-800 da Gol estão encontrando dificuldades de todos os tipos para os trabalhos de localização e identificação das vítimas.

Há corpos espalhados em um raio que pode se estender de 20 a 30 quilômetros, pois o avião, aparentemente, começou a se desintegrar alguns minutos antes da queda do seu pedaço principal, com a cabine, partes da asa e do eixo central.

Para preservar o local de impacto o máximo possível, 20 homens, entre os mais treinados do esquadrão Parasar, elite da Aeronáutica especializada em busca e resgate, dormiram na mata entre segunda (2) e terça-feira (3), próximo ao local do acidente. Além da árdua tarefa de busca, eles ainda têm de espantar animais (raposas, tatus, felinos, aves de rapina e outros carniceiros da floresta tropical), que atacam pedaços de corpos já em estado de decomposição.

As primeiras análises da Aeronáutica levam à suposição de que alguns passageiros, sobretudo os que estavam sem cinto de segurança, podem ter começado a cair logo após o choque com o avião menor, o Legacy. Nesse caso, podem ter caído a 100 e 200 quilômetros por hora, antes do avião se chocar com o solo. Se confirmada essa hipótese, as buscas poderão durar muito mais tempo e nem todos os corpos serão resgatados. ''Faremos o possível para encontrar todos, mas há a possibilidade real de não encontrarmos alguns ou vários'', lamentou o brigadeiro Jorge Kersull Filho, que comanda as operações de buscas.

Alguns membros da equipe de resgate estimam que só será possível identificar, no máximo, a metade do total de mortos (149 passageiros e seis tripulantes). Nesse caso, será realizado um enterro simbólico, coletivo, em homenagem às vítimas cujos corpos não foram encontrados.

No domingo (1º), haviam sido localizados pedaços do que podem ter sido um homem e uma mulher, que começaram a ser periciados. Na segunda, as equipes de buscas das vítimas do acidente encontraram mais corpos em dois locais diferentes.

Em uma das áreas onde foram localizados restos humanos os peritos não souberam dizer quantos corpos havia, pois o estado em que se encontravam era deplorável. ''Eram pedaços de corpos'', disse o legista Aluísio Trindade, do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, que coordena o trabalho de identificação das vítimas. Em outro local, dois corpos foram localizados junto à caixa-preta, e estavam mutilados.

Roupas

Os dois primeiros corpos resgatados chegam a Brasília nesta terça. Eles não tinham documentos que os pudessem identificar, mas as roupas e alguns objetos pessoais que portavam podem ajudar a resolver o problema. ''Há muitas dificuldades, mas os recursos técnicos são grandes'', disse Trindade.

À medida que são resgatados, os corpos são identificados na Base da Serra do Cachimbo, de onde seguirão em lotes para Brasília, para a identificação definitiva no IML e entrega dos restos mortais aos familiares. Dez legistas já trabalham na identificação. Por suas características e número de vítimas, o acidente foi o mais devastador da história da aviação brasileira.

A Aeronáutica decidiu esvaziar a área da fazenda Jarinã, próxima ao ponto de queda, onde as equipes de identificação montaram uma estrutura logística para receber os corpos, embalá-los e enviá-los à base aérea da Serra do Cachimbo.

Jorge Kersull Filho informou que o trabalho de resgate está sendo extremamente difícil também devido às condições do ambiente: selva fechada, com árvores entre 30 e 50 metros e muita chuva. ''O cenário é muito mais complicado do que qualquer um de nós poderia imaginar'', disse.

Caixões

Um avião da Força Aérea Brasileira levou para a região 160 caixões para o transporte dos corpos que forem identificados para Brasília. O Comando da Aeronáutica divulgou uma nota dando informações sobre a operação militar de resgate. Segundo o documento, os trabalhos concentram-se na retirada dos corpos, no ressuprimento das equipes que trabalham no local do acidente e na ampliação do perímetro de busca na floresta.

Devem continuar na área 75 militares da Aeronáutica e do Exército, além de sete aeronaves: uma R-99, cinco helicópteros (um CH-34 Puma e dois H-1H da FAB, um H-60 do Exército e um Esquilo da Polícia do Mato Grosso) e uma aeronave SC-95 Bandeirante.





Fonte: G1

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