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Politica Brasil
Quarta - 23 de Agosto de 2006 às 08:21

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A renda do brasileiro cresce em anos eleitorais, mas o efeito não dura mais do que um ano. Estudo elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que a renda mediana cresceu 12,1% em anos de eleições desde 1982. Nos anos seguintes às disputas eleitorais, a renda caiu 11,9%.

A volatilidade da renda nesse período está relacionada ao lançamento de pacotes econômicos com implicações fiscais, salariais e cambiais em sintonia com o calendário eleitoral. Pacotes de bondades ou programas de combate à inflação como os planos Cruzado, Verão e Real foram elaborados antes de períodos de votação. Já os programas que trazem custos imediatos com aumento do desemprego são lançados em anos posteriores às eleições, como o Cruzado Dois e o Plano Collor.

Esse "ciclo político de negócios" no Brasil, que infla os níveis de emprego e renda em anos de disputa eleitoral, está perdendo força nas últimas votações, embora ainda faça parte da política brasileira.

Considerando apenas as duas últimas eleições, a renda mediana cresceu 3% em 1998 e em 2002. No ano seguinte à votação, houve queda de 2% na renda. A renda mediana é a linha que separa os 50% mais pobres dos 50% mais ricos da população brasileira.

"Época de eleição é quando as boas notícias são entregues. Quem paga a conta é a instabilidade da sociedade. O Brasil ainda é uma democracia jovem, sujeita a políticas oportunistas de aquecimento da economia antes das eleições para gerar resultado favorável", afirmou Marcelo Néri, autor do estudo.

O levantamento foi feito com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio), elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em razão disso, o estudo não inclui dados sobre o ano de 1994, quando a PNAD não foi feita.

A miséria também tende a cair temporariamente em anos de eleição, mas volta a crescer no ano posterior. O número de pessoas que viviam na miséria caiu de 28,72% em 2001 para 26,23% em 2002, ano de eleição. Em 2003, ela subiu novamente e ficou em 27,26%.

Segundo a pesquisa, a renda de todas as fontes dos eleitores cresce 4,28% em anos de eleição. A maior parte do crescimento, porém, vem de itens como programas assistenciais e juros de aplicações financeiras. Este segmento registra alta de 24% em ano de votação.

A partir dos dados da PNAD, a renda dos brasileiros chega a R$ 436,79 em anos de eleição e fica em R$ 410,37 em anos sem disputa eleitoral. O aumento da fatia de rendimentos é maior para os eleitores. A renda deles cresce 1% a mais do que a dos demais. Essa taxa de expansão é motivada pelo aumento de 5,4% a mais nos programas de transferência de renda e nos juros de aplicações financeiras.

Funcionalismo

Segundo a pesquisa, o funcionalismo público exemplifica a perpetuação do ciclo eleitoral. As chances de ocupação neste segmento são menores em anos eleitorais, em razão das restrições à contratação de funcionários seis meses antes das eleições. Por outro lado, há um esforço adicional dos governos para conceder reajustes. O funcionário público federal obtém ganhos de 3,63% em anos eleitorais e os estaduais, de 8,1%, aponta a pesquisa da FGV.





Fonte: Folha de S.Paulo

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